OLHOS QUE ENGANAM

Você já alguma vez ouviu falar de um peixe com quatro olhos? Existe na América Central e também na América do Sul. Dois olhos estão localizados na parte superior da cabeça e mais dois na parte inferior. Quer dizer, tem visão bifocal, pois com os seus quatro olhos consegue ver para cima e para baixo da água ao mesmo tempo. E há, também, o caso da cascavel que, aparentemente, continuou a ver mesmo depois de lhe terem sido tapados os dois olhos. Segundo experiências feitas por um professor da Universidade da Califórnia, as cascavéis possuem o que se pode chamar de "um terceiro olho". Tapando os olhos duma destas cobras, o investigador descobriu que o réptil conseguia localizar ratos com uma extraordinária precisão. Os órgãos excedentes pareciam ser duas pequenas covas localizadas de ambos os lados da cabeça do animal, entre as narinas e os olhos, contendo células sensíveis ao calor, que permitiam à cobra não só localizar presas vivas durante a noite, ou quando os verdadeiros olhos se encontravam cobertos, como também determinar as dimensões e a forma das vítimas através do calor libertado pelos seus corpos. Mais outra maravilha da criação.

E o olho humano? Não existe instrumento científico mais sensível à luz como o olho humano. E não só ..... Na escuridão a sua sensibilidade aumenta ao ponto de poder ver uma luz com menos de um milésimo de intensidade do que a de uma vela. Os músculos oculares contraem-se e expandem-se automàticamente permitindo aos olhos verem objetos a quase todas as distncias. Portanto, não nos admira nada saber que o inventor da primeira máquina fotográfica foi inicialmente inspirado pela maravilha do olho humano.

Mas, apesar de toda a sua perfeição, os nossos olhos podem errar. E, com certeza, já ouvimos falar das tais "ilusões de óptica" quando os olhos se enganam quanto às dimensões e até a própria cor de certos objetos. Como, por exemplo, no caso que vamos agora citar...

Para Gilberto Gutiérrez, experimentado tipógrafo da cidade de Martinéz, na Califórnia, tudo estava perfeito. O papel era da primeira qualidade. A impressão, em "off-set", não podia ser melhor. O desenho do trabalho a imprimir foi feito com uma mão mestra, e a fotografia também. Era tudo uma obra de arte, e muito bem acabada. E Gilberto, vendo que tudo estava em condições, meteu-se logo no trabalho de imprimir notas de 20 dólares, até um total de 20. Então, com os 400 dólares na mão, falsificações claro, o homem saiu para a rua. Mas, tinha-se esquecido de um detalhe. Gilberto era daltônico e certas cores ele não distinguia perfeitamente. Assim,  em lugar de tinta verde usou tinta cinzenta. "Se não fosse este pormenor" disseram os agentes da polícia que o apanharam, "teria enganado muita gente. Pois estas notas falsas eram quase perfeitas" ...

Quantos enganos sofremos na vida devido a problemas com os olhos! Há gente, por exemplo, que, viajando na estrada engana-se ao entrar numa ponte e precipita-se para um abismo. Há pessoas que, não conseguindo decifrar a letra pequena no frasco de um medicamento, engolem uma dose demasiado forte. Há também pessoas que vêm uma luz verde quando o semáforo está no vermelho e assim ficam envolvidas em graves acidentes

E na vida moral, por exemplo, quantas vezes somos enganados pelos nossos olhos, isto é, pelos olhos do nosso discernimento, da nossa consciência! Como temos a tendência de nos justificarmos a nós mesmos, e aprovar aquilo que fazemos, e unicamente porque somos nós que o fazemos, caímos sempre no mesmo erro de Gilberto Gutiérrez. Por outras palavras, em vez de utilizarmos verde, usamos cinzento...

E, se os nossos olhos físicos podem enganar-nos, quanto mais os olhos da nossa consciência! O que chamamos de "amor" pode muito bem ser apenas "paixão"; o que chamamos de "prazer" pode ser, na realidade, adultério. E o que chamamos de "uma boa oportunidade" pode ser, simplesmente, "roubo". Tudo depende de como vemos as coisas, caro amigo. E, até, num certo sentido, não é que a nossa visão seja deficiente ou distorcida. A verdade é que, perante Deus, somos cegos. É uma cegueira despercebida, uma cegueira gradual que, sem darmos por isso, rouba-nos, pouco a pouco a vista. Há, por exemplo, a cegueira do materialismo, isto é, a febre de possuir coisas, que nos faz perder a óptica dos valores permanentes e eternos. Não seria exagero afirmar que a nossa sociedade padece de uma grave enfermidade ocular, por assim dizer. Somos cegos, mas pensamos que vemos...

Jesus Cristo pôs este assunto em relevo quando, uma vez, falou a um certo grupo de pessoas, fìsicamente saudáveis e com vista fisicamente perfeita, e chamou-lhes "cegos que fazem de guia a outros cegos". Em outra ocasião encontrou um cego que mendigava ao lado do caminho. Alertado pelo barulho do povo, o cego procurou chamar a atenção de Jesus, clamando em alta voz: "Jesus, Filho de David, tem misericórdia de mim". Jesus parou e disse-lhe: "Que queres que te faça". E logo o cego respondeu: "Senhor que eu veja". Face ao desejo veemente do pobre homem, Jesus disse: "Seja-te feito conforme a tua fé". E logo o homem ficou a ver...

Jesus é o único capaz de curar a nossa cegueira espiritual. E, se, de uma forma honesta e sincera, Lhe pedirmos que nos abra os olhos então receberemos uma visão espiritual perfeita. Tudo ficará novo e diferente. Principiaremos a perceber realidades imutáveis e esta nova capacidade de visão levar-nos-á a ver Jesus. Basta clamarmos a Ele agora, dizendo: "Jesus, tem misericórdia de mim". Logo receberemos a vista espiritual porque Jesus disse: "Eu sou a luz do mundo. Quem me seguir deixa de andar na escuridão e terá a luz da vida".