Eu
deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto o poento caminheiro;
Como as
horas de um longo pesadelo,
Que se desfaz ao dobre de um
sineiro;
Como
um desterro de minha alma errante,
Onde fogo insensato a consumia…
Só levo
um saudade – é um desses tempos
Que amorosa ilusão
embelecia.
Só
levo uma saudade – é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites
minhas…
De ti, ó minha mãe, pobre coitada,
Que por minha tristeza te
definhas!
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens
esquecida,
à sombra de uma cruz – e escrevam nela:
Foi poeta, sonhou e
amou a vida…
Alvares de Azevedo