Não
quero mais sentir as arestas do silêncio...ferem-me a alma e cravam-se-me na
pele... Desafio-te ao duelo da palavra...
sem
gumes e sem reservas!
Desamarra-te dos medos e olha os meus lábios...
mergulha nos gestos que lhes adivinhares e permite-te sentir-lhes o sumo das
palavras... Guardarei no céu da minha boca o som ensalivado do verbo que
anseias afagar nos teus ouvidos... apagaste o tempo com o silêncio. Talvez
consigas aprender a ler a alma se souberes melodiar os lábios, mas terás que
aceitar este duelo...
Permaneci no longe, aquietada na sombra da saudade,
a observar-te... Sei de ti... sei da sede dos teus lábios e da loucura q
percorre as pontas dos teus dedos... sei do soluço q te prende todos os gritos
que moram em ti... mas tb sei dos teus medos!... E por isso te desafio
agora...
Abre as tuas mãos e deita-te nelas... sente-lhes o sabor do
vazio e da saudade... E abandona-te, amorfo de vontade, no remoínho que nasce
delas... mas fá-lo apenas se é assim que queres viver a
eternidade...
Eu... permaneço aqui... rasgarei o tempo se for preciso...
mas saberei sempre sorrir pq nunca aceitei o silêncio por verdade... e nunca
fugi ao som da palavra...