AMÉLIA DE
HOJE
Amélia que era mulher
de verdade.
Eu sou apenas uma
mulher.
E gostaria de
reinvindicar o direito de sê-lo.
Sou vaidosa. Uso baton
pra dar cor à minha vida.
Maquiagem para parecer
mais bonita.
Não faço tudo com
perfeição; alguns fios de cabelo branco, apesar de todas as
tentativas
para evitá-los,
aparecem.
Uso cremes pra retardar
o envelhecimento e se à noite tenho dores de cabeça
é porque me sinto
cansada.
Nem sempre estou
disponível e pronta e cometo erros.
Me engano, como
qualquer outro ser humano normal.
Gosto de roupas,
sapatos, jóias, perfumes e flores.
Um minuto de atenção me
faz ganhar todo o dia.
Sou sensível, fraca,
frágil. Sou forte quando preciso.
Minha única busca: o
amor e tudo o que dele resulta: crianças, trabalho,
dia-a-dia e felicidade.
Mas vou além:
quero segurança, andar
de mãos dadas, ser pega no colo e ser chamada de rainha.
Minhas lágrimas me
traem quando menos espero. E desespero.
Detesto a solidão, a
falta de atenção. Sou impaciente e não
gosto de esperar.
Não quero ser objeto e
nem ter dono.
Sou capaz, por mim
mesma, amando, de me entregar de todo e ser fiel.
Sem amarras,
simplesmente por amor.
Posso ferir, como todas
as rosas. Mas perfumo também, dou encanto.
Ilumino o amor como só
as mulheres sabem fazer.
Compenso, se assim
posso dizer.
Há sempre um preço para
a felicidade e tocar nela
é aceitar pagar esse
preço.
Sou uma Amélia dos
tempos modernos.
Mais independente,
sabendo o que quer.
E o que quero é ser eu
mesma.
Letícia
Thompson
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