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Passa de mim esse cálice
©Letícia Thompson
Tenho
medo pelas pessoas que dizem nada temer. Não pode haver tamanho orgulho e por
detrás desses corajosos há uma alma que precisa de
ajuda.
Quem
foi mais perfeito que Jesus? E que grande lição de humildade quando, em meio à
angústia, Ele disse: -"Pai, se possível, passa de mim esse cálice." Não me
lembro em algum momento em que Ele tenha dito que não tinha medo de nada, que
era forte, corajoso e valente, mesmo se possuía todos esses atributos e ainda
muito mais. Ele sabia quem era e do que era capaz. Sem
palavras.
Jesus, além de Santo, era humano e provou ao preço das
próprias lágrimas.
"O
temor do Senhor é o princípio da sabedoria. Os loucos desprezam a sabedoria e a
instrução" diz a Bíblia.
O
medo é esse sentimento estranho que se agarra às nossas entranhas e deixa a vida
assim como que se estivesse pendurada por um fio. Ele nos deixa frágeis, abertos
e acessíveis ao que tememos. Mas, paradoxalmente, a nossa consciência dele é o
que nos alerta para a porta de saída. Quem não teme, não se
prepara.
É a
consciência da nossa fragilidade e exposição ao perigo que nos leva a procurar
ajuda. Uma pessoa com problemas mentais não se reconhece doente. Os sãos
sabem-se humanos.
Seria
muito bom evitar todos os cálices amargos. Mas se a vontade do Pai deve ser
feita, que o bebamos sim, porque não há vitória sem luta e muito doce é o sabor
da conquista.
Letícia Thompson
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