Quando descobrimos que vamos ser mamãe pela primeira vez,
uma aura de encantamento
toma
conta da gente. E nós dificilmente pensamos em outra coisa.
à
nossa criança é dirigido nosso último pensamento antes de dormir e o primeiro
quando acordamos.
E
chega o dia em que temos essa criaturinha nos nossos braços e temos dificuldade
em acreditar.
Tantas vezes sonhamos com esse rostinho e agora que o
vemos é como se tudo fosse irreal.
Amamos então no mais profundo de nós mesmas; amamos com
toda nossa alma e nosso ser.
E
nos convencemos que nunca mais conseguiremos sentir um amor igual,
ou
pelo menos que se compare.
E, a
criança crescendo, vamos desenvolvendo com ela esse amor.
E
muitas vezes quando já não temos mais nosso "bebê" e percebemos que já
existe
uma
pessoinha cheia de vontade própria querendo enfrentar o mundo,
nasce
em nós novamente o desejo de maternidade.
Então
acontece: a segunda criança se encaminha!
Depois das primeiras alegrias da descoberta, algo
estranho e assustador se instala:
uma
certa inquietação. Nós, que julgamos nunca mais poder amar da forma como amamos
o
primeiro, como amaremos aquela criança?
A
amaremos com a mesma intensidade?
E se
o ciúme do irmãozinho ou irmãzinha se manifestar, como vamos lidar com isso?
Será
que saberemos nos dividir para dar na medida exata a cada
um?
São
estas entre outras questões... e pode acontecer que nos sintamos culpadas em
relação à primeira criança.
Saberemos que daqui a pouco outra vai chegar que vai
"tomar o lugar dela."
Não
seremos mais tão disponíveis.
Mas
para todas essas perguntas existe uma só resposta, que é básica para todas as
outras também: coração de mãe é
elástico.
Penso que da mesma maneira como Jesus efetuou a
multiplicação dos pães,
o
amor é multiplicado no coração de uma mãe e amor vai ter e vai até sobrar,
para
mais um, mais dois ou até quem sabe, para mais... e quanto mais amor,
mais
sabedoria, mais instinto de como lidar com todas as outras
coisas.
Cada
filho é único e deve ser tratado como único.
Digamos que a mãe é uma mão e que os cinco dedos sejam
seus filhos.
Todos
iguais, todos diferentes, todos ligados da mesma forma,
embora cada qual aponte para um lado
diferente.
Assim, nosso coração nos dita o que fazer, no momento
certo.
Há
mães que parecem mais apegadas a um filho que outro e isso pode ser devido
aquele filho
corresponder melhor ao seu caráter, à sua personalidade.
Mas
não significa um amor menor.
É
freqüente que uma mãe demonstre mais amor pelo filho que dá mais trabalho.
Isso
se explica pelo fato dela sentir no seu coração, inconscientemente até,
que
aquele filho necessita de um cuidado especial.
Difícil é que os irmãos entendam isso, eles se sentem
injustiçados.
Portanto, o que é a justiça?
É
dar a cada um a medida exata do que ele precisa para ser feliz.
Sendo
diferentes, nossa medida de necessidade também é
diferente.
Amor
de mãe é amor de mãe. Não muda, não se desgasta.
Uma
mãe que perde um filho pode ter dez outros, ela será para sempre uma mãe
podada de um filho e ela carregará isso para o resto da
sua existência.
Uma
mãe é uma rosa que se desdobra em diferentes pétalas, sem portanto perder
da
sua graça, beleza e poder de perfumar e encantar todos à sua
volta.
Letícia
Thompson
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