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Flores entre
espinhos
© Letícia Thompson
Tenho cicatrizes que nunca me abandonarão.
Elas não doem, não incomodam e me fazem lembrar do quanto a vida é perene, do
quanto somos acessíveis ao que nos envolve e do quanto podemos nos construir com
as tempestades que chegam sem avisar.
Dizem que muitas pessoas são destruídas porque
ninguém acreditou nelas, disseram-nas incapazes e mataram a tão pequenina
semente do querer ser grande ou algo na
vida.
Mas a força maior, acreditem, está nas pessoas
que precisam sobreviver, as que precisam arregaçar as mangas e ir à luta, as que
sentem-se sozinhas e ainda acordam a cada
manhã.
Quão admirados ficamos diante de um cego que
encontra seu caminho com facilidade ou de um deficiente que trabalha, desenvolve
talentos. Olhamos para nós mesmos e sentimos vergonha da nossa imagem no
espelho. Somos perfeitos e não vamos a lugar nenhum!!!
A facilidade ao invés de colaborar com nosso
crescimento, aniquila nosso poder. Se quisermos provar nossas capacidades, temos
que aceitar nossas dificuldades e fazer delas instrumentos da construção do
nosso eu.
Casas são construídas sobre pedaços de pedras
e não sobre leito de rosas. Elas precisam de base e de base precisamos nós.
Aquilo que não nos destrói, deve nos
construir. Aquilo que não nos destrói, deve nos deixar mais fortes.
As mesmas lágrimas que molham nosso rosto
aliviam nossa alma, trazem a calma e o sono gostoso.
Deus sabe da força dos nossos braços e das
nossas pernas e até onde pode doer nosso coração.
Ele não nos julga incapazes, não nos julga
pequenos e sabe que existem fontes em desertos, flores entre espinhos e segredos
maravilhosos escondidos no seio da
terra.
Letícia
Thompson
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