Se o
mundo fosse uma brincadeira de faz-de-conta, faríamos de conta que tudo é sempre
bonito.
E
mesmo se o mundo não é um grande livro de contos de fadas, estamos sempre
querendo fazer de conta.
Fazemos de conta que somos felizes; que o amor não
acabou, que ainda existe desejo. Tentamos nos convencer que todas as decisões
que tomamos no passado foram acertadas.
Talvez por medo de termos que confessar que em algum
lugar da nossa vida, falhamos. É difícil ter que admitir que nos enganamos de
caminho. Mas o mais difícil é pensar que vamos decepcionar outros. Apesar de
tudo, o que os outros vão pensar pesa muito nas nossas
vidas.
Assim
vamos fazendo de conta que está tudo bem.
E
chega um dia onde não encontramos mais saída. E a gente chora... chora na
encruzilhada onde se encontra, chora no labirinto da vida, onde não queremos nem
ir à frente e nem voltar atrás, mas sabemos que teremos que achar o caminho de
qualquer jeito. E lamentamos o não saber o que fazer. Nos sentimos perdidos
mesmo quando queremos fazer de conta que não.
Pensamos que seria melhor fingir que não existe problema
nenhum; ou que podemos passar uma borracha e recomeçar tudo; ou então nos
dizemos que bom mesmo seria voltar à infncia inocente, sem esses "problemas de
adultos" e até ir dormir mais cedo para que amanhã chegue logo. Porque agora, às
vezes desejamos que nunca chegue...
Mas
somos adultos, mesmo se nosso eu criança se sente perdido. Somos adultos e donos
da nossa vida, das nossas vontades, embora intimamente sintamos a necessidade de
pedir que alguém decida por nós para nos livrar do peso da responsabilidade da
escolha.
É
preciso enfrentar a realidade, mesmo que dôa; é preciso ter a coragem de tomar
uma decisão e fazer escolhas, mesmo se daqui a dez anos vamos perceber que nos
enganamos de caminho. Se enganar não é pecado; pecado é se saber enganado e
continuar no mesmo trilho. É uma ofensa ao próprio eu.
Dê a
você mesmo a oportunidade de ser feliz, sendo quem é, como é. Saia do marasmo do
dia-a-dia que mata e construa algo sólido onde se apoiar. A vida não espera por
nós e não é por fingir que o tempo não passa que os relógios vão parar. Chorar é
bom e pode aliviar as tensões, mas nunca resolveu problema nenhum. Enxugue então
suas lágrimas para que tenha uma visão mais clara do que é sua
vida.
Tire
a máscara do faz-de-conta e viva de cara lavada, mesmo se no momento não for o
melhor que você tenha para apresentar ao mundo. Com o tempo você vai aprender
que tudo fica mais fácil e você se sentirá aliviado. Não se pergunte o que vai
fazer depois: aprenda com seus erros e dê o melhor de
si.
Dê a
você mesmo uma chance de ser feliz, porque ninguém vai fazer isso por
você.
Letícia
Thompson
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