A Urna Guarani
A urna guarani na terra encravada, Dardo no tempo ou dado de Deus no vento.
A urna guarani nos olhos do menino: A imensidade morte.
Que mãos prepararam o corpo do guerreiro Para a viagem mais longa, Que mãos congelaram o barro da urna funerária Para o arremesso futuro?
Olhos de menino vêem tudo. Olhos de menino vêem A matriz guarani no fundo da terra que germina.
Semente de ritos índios, Ossos no fundo da urna
contando histórias de guerra e razia, No Continente profundo.
Rastro da tribo perdido no tempo, Caco de vaso, cacto, rebento, Sons, vozes, estrépitos,
corrida de cavalos velozes, a desmedida.
O campo na guarida do segredo, A terra que sangra, o barro, a lança, O dardo que penetra a carne, o Pampa, O corpo, semente que se planta.
No barro do mundo emoldurado
num quadro de imagens vivas, Guerreiros preparam o funeral do Chefe caído na luta, O sacerdote propicia a vontade dos deuses, Libações da bebida amarga e forte
embriaga e faz da morte a passagem, Rio de um futuro sem margem, Futuro:
olhos de menino trazem presente O espanto das horas ausentes.
(José Eduardo Degrazia)
Beijos 1000!
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