SEM COBRANçAS
Cleide Canton
Se me cantas na cadência de um soneto
e te calas no solfejo de um compasso,
não me apontes no entremeio de um panfleto
nem me arraste aos finais do teu espaço.
Não és nada, mais que nada e, de repente,
eu te vejo mais que tudo e te proponho
que me faças jóia rara e transparente,
e eu serei a eterna musa do teu sonho.
Não me cobres novo passo em cada dança,
nem me queiras nem mais jovem ou criança,
nem inventes contracenas malfadadas,
pois eu sei o que aprendi a duras penas
e já tenho as minhas noites tão serenas
que recuso novos tons nas madrugadas.