A mulher que ama
Cleide Canton Garcia
Deixem que poetas cantem o amor,
que hinos e odes façam em seu louvor.
Deixem que os sorrisos se abram encantados
que olhos se encontrem marejados,
que beijos e abraços se percam em loucuras
e se beba o cálice de doçuras.
Deixem...
Nenhum falar atingirá a infinitude
do que seja, na verdade, amar.
Não há razão que explique a beleza,
não há motivo que não se perca na incerteza,
não há comparação para a sua grandeza.
A mulher que ama
acende a mais brilhante chama
cujo calor contagia,
cuja luz irradia
toda a resplandecência do seu ser.
A mulher que ama
não consegue definir o que sente.
Só sabe que sente.
E a esse amor se entrega.
A mulher que ama transcende
sua própria capacidade de ser,
desnuda-se verdadeira,
cobre-se de festa, feiticeira,
e encanta.
Não sente o chão seus pés voantes,
não sentem frio seus seios arfantes.
A mulher que ama
agrada sem ser cobrada,
reina sem ser coroada,
entrega-se sem ser domada
e aprende sem ser ensinada.
A mulher que ama
entrega seu amor por inteiro,
não acredita em sentimento passageiro
e espera todo o tempo do mundo
para ser, da mesma forma,
amada.