PINTANDO SONHOS Cleide Canton Se pensas que me sinto presa às palavras doces dos teus apelos, se me tens, da loucura, indefesa e alvo fácil na gama dos teus zelos, pecas duas vezes, te asseguro, por te achares senhor da verdade, acima de qualquer suspeita, e por negares a minha idoneidade aos ouvidos que estão à espreita.
Não há mistério no viver na paz. Não há sentido na desarmonia. Não há vergonha no se ser capaz de chorar na dor e sorrir na alegria. Nada mais sou, por que não vês? Nada mais tenho, não me cobres. Não é minha a culpa se não crês que estás também entre plebe e nobres. Vôo alto (essa é a diferença) e vejo chances em todo o caminho. Sou a mesma em qualquer presença, não me confundas: sou água, não vinho. Recebo tanto, muito tenho a dar nessa troca em que acredito e recomeço, sem pestanejar, desato nós sem qualquer conflito.
Então não tentes podar-me os passos, vendar meus olhos, barrar meu sonho, pois cores novas cobrem meus espaços e meus limites, crente, eu transponho. Há tanta luz em novos horizontes e tanto brilho no meu despertar que quanto mais cantam minhas fontes mais flores colho para te ofertar.
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