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General: Um desabafo
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UM DESABAFO...E QUANDO SE DESABAFA, FICAMOS MELHOR...
«... Nunca poderei esquecer a forma vergonhosa como alguns tugas, ao serviço da URSS, se portaram connosco e, por isso, prefiro viver bem longe daí.Ver idolatrar e homenagear aqueles que nos traíram é demais.Enoja-me. Chegou até a dar-me falta de ar e muitas vezes chorar escondido a minha triste situação de discriminado, porque diante deles mantive sempre uma barreira protectora. Cheguei a fazer-me passar por estúpido, para sobreviver.É o sermos obrigados a conviver com quem nos discrimina e guardarmos para dentro a nossa revolta e mágoa.Para quê negar? Não tenho espírito portuga. Cresci machambeiro, machambeiro hei-de morrer.23 anos 11 meses e 4 dias que estive aí, fizeram de mim um trapo. Cheguei a pensar no suicídio e só a minha fé em Deus mo impediu.Só aqui nesta santa terra brasileira, voltei a ser aquilo que era em Moçambique, um homem normal e a voltar a ter alegria em viver, embora tenha perdido muito pelo caminho.Felizmente ainda aí há gente boa e coerente. Contam-se pelos dedos. Deixei bons amigos, mas a maioria é de fugir. Espirito tacanho e nada a faz evoluir.Quando aí cheguei, após aquela desgastante descolonização, só houve três pessoas, com as quais podia contar e com quem me conseguia entender, o meu pai, velho colono, a minha irmã e o meu cunhado.Depois chegaram os meus primos e tios da Rodésia. Alarguei o leque daqueles com quem me entendiam e eu entendia.Hoje estamos espalhados pelo mundo, mas o contacto é assíduo.Talvez por isso tudo tenha adotado Brasil como minha terra. As pessoas aqui têm um espírito tão aberto, quanto o nosso. Mesquinhez não existe no dicionário de cá.Aqui, um simples varredor de rua tem, geralmente, o espírito mais aberto, que muitos professores universitários daí. E o que horroriza é que é VERDADE!Aí fui mal recebido, aqui de braços abertos.Um abraço bem à nossa maneira machambeira.Sérgio»
Sérgio, meu caro amigo, não resisti e publico a sua pequena crónica no Moçambique, Minha Pátria de Coração. É um desabafo, mas é também um grito de quem sente e tem consciência... Mas não se esqueça que outros povos houve que sofreram tanto ou mais do que nós e que não se deixaram abater. Simpatizo com todos os seus pontos de vista. Estamos no entanto numa cruzada que certamente só a nossa boa vontade e espirito de sobrevivência, nos leva a tentar esquecer. Uns já tentaram e não conseguiram. Lembro-me do meu velho e querido amigo Armando Magalhães de Morais, que desejava para Moçambique tudo de bom e que me dizia, regresse José, que Moçambique precisa de nós. Mas entrou em conflito consigo mesmo e no dia da partida não aguentou e suicidou-se. Já contei este história no AVM no "GENTE DA NOSSA GENTE". E ainda bem que o meu bom e querido amigo Sérgio, teve a lucidez de ver o inicio e o fim do túnel e foi recebido de braços abertos pelo povo irmão brasileiro. E eu sinceramente lhe envio um cordial abraço por ter tomado a atitude certa na hora certa agradecendo a Deus por lhe ter dado tanta sabedoria. E já sabe cá de longe estamos sempre consigo. José de Viseu
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