A MINHA AMIGA SEM MÁSCARAS Maria Teresa Albani Não te conheço o rosto, nunca ouvi o som da tua voz e, no entanto, estás muito próxima de mim. As máscaras que usamos pela vida afora desaparecem quando estamos juntas, porque, entre nós, elas se fazem desnecessárias. E reconheço o quanto me é gratificante, pelo menos por alguns momentos, ser eu mesma, dentro da minha pequenez e da minha imensidão — e ser amada e aceita do jeito que sou..  Quando me conecto, é uma porta que se abre para um mundo irreal, eu sei disso mas, ao mesmo tempo, é uma porta para a libertação, para a liberdade de expressão, para a certeza de que o branco dos meus cabelos, ou meus quilos extras, não tem nenhum significado. Nesse nosso mundo, cores, sons e cheiros, inexistem. Entretanto, os sentimentos passam a ter uma dimensão imensurável... E nossas solidões se encontram e se acariciam, muitas e muitas vezes... e se entendem. Porque, ali, somos iguais.  As máscaras que uso no dia a dia são abandonadas quando sento em frente ao micro. Uma a uma vão caindo por terra e, por vezes, eu as olho e sorrio, pensando o quanto me é pesado carregá-las. Vejo a máscara da indiferença, a da auto-suficiência, a do "eu me basto, e ponto final"; a máscara que uso para negociar com o gerente do banco, a que visto quando converso com minha mãe...; E há aquela, especial, que tenho que ter presente sempre quando lido com o mundo real onde vivo  — a máscara de quem sabe tudo e que jamais tem medo. Mas, contigo, não preciso! Tu sabes que a minha insônia nada mais é que conseqüência do medo do dia seguinte; já te contei que tenho uma preguiça incrível de levantar pela manhã, e até confessei a vontade que tenho, vez por outra, de "enforcar" o banho quando faz frio. Pois é, amiga. Também sei dos teus segredos e das inúmeras máscaras que vestes diariamente; sei o quanto detestas cenoura e as comes valentemente em frente aos teus filhos, para dar bom exemplo... Sei das tuas dificuldades e das meias desfiadas que costumas usar por baixo da calça jeans. E continuamos amigas. Porque, acima das tuas meias desfiadas e do banho que, vez por outra, quero deixar escapar está nosso carinho, nossa solidariedade e esta afinidade que só o cósmico pode explicar. Ou o Bill Gates... Não te conheço o rosto, é verdade. Mas também não te conheço as máscaras, minha Amiga Virtual.