A VIDA EM PÁGINAS SOLTAS
Jota Há
A música que ouço agora é: “Luzes da Ribalta”,
sinto-a insistente, penetrante, enovelando
minha alma, me consumindo...
Sou ex-fumante, mas neste momento sinto
uma vontade imensa de fumar um cigarro,
os carros passam; e a música ainda insistente.
Os ruídos todos se confundem e passo a não ouvir mais nada.
E então, a solidão e o vazio.
Solidão que penetra insistente nos labirintos do meu ser.
Muita gente a minha volta.
E ninguém a minha volta.
Não consigo ver ninguém.
Tu não estás comigo.
Nunca estiveste e pressinto que nunca estarás.
Mas a mim nada importa.
Os olhos da minha alma se abrem e não vêem nada.
Volto a ouvir os sons: as vozes, o trânsito e a
música que ficou impressa no meu espírito.
Já não sinto mais, nem aquela vontade de fumar.
Uma música vinda do além vibra no ar.
Estou ainda só.
E a solidão continua vazia e triste.
Sinto uma chamada.
Será que é do infinito?
Ainda só.
Tu nunca estarás comigo.
E a vida rolando como sempre: aqui,
lá fora e pelo infinito.