A Vida que Deus me Deu
Rivaldo Cavalcante
Dedico aos meus filhos, filhas,
netos, netas, genros e noras e bisnetos.
Quando completei 50 anos de idade, escrevi a crônica “MEIO SÉCULO... E AGORA?”. Dei-me muitas respostas. Mas não me influenciei por nenhuma delas e concluí que deveria continuar vivendo a vida, em plenitude, como se cada dia fosse meu último dia de existência. Procurei refúgio na conquista das pequenas ou grandes alegrias que me fizeram compreender o que significa “amanhã”; sem me impressionar com tristezas, dissabores ou revezes acontecidos. Quem sabe amanhã... as coisas melhorem, os pés desinchem, o coração fique no compasso certo, as pessoas me queiram mais bem e eu seja melhor para todos que me ajudam a prosseguir!
Afinal, viver é uma ciência complexa e de aprendizado contínuo. Aceitarei com agradecimentos a Deus as limitações da nova idade enferrujada, apelidada de velhice.
Queridos filhos, filhas, netos, netas, genros, noras e bisnetos. Saibam que os amo verdadeiramente. Gostaria tanto de fazer mais por vocês. Abraçá-los mais, sorrir mais, beijá-los mais, agir mais. Dar-lhes mais pirulitos, conversar, empinar mais pipas, jogar peladas, tomar banho de mar, viajar mais com vocês. Distribuir mais “trocadinhos”. Porém, no momento não dá. Quem sabe, amanhã...! Desejo dizer-lhes que diariamente, antes de adormecer, rezo por vocês confiando-os aos cuidados de Deus.
Faço isto deste que nosso primogênito chegou ao mundo no dia 12.05.1956. Antes, coloco vocês todos numa grande caixa de presente, amarro uma fita colorida e rezo assim: “- Nosso Deus todo poderoso e bom, sob Vossa proteção confio agora e sempre todas as pessoas que estão nesta caixa. Meus filhos, filhas, netos, netas, genros, noras e bisnetos a quem amo de todo coração. Protegei-os sempre onde eles estiverem. Particularmente... – Bom, particularmente todos eles...! Obrigado, Senhor”.
Agora ao chegar às BODAS DE OURO, acho que estou cumprindo minha parte de forma brilhante, honesta e corajosa. Já é hora de deixar que Deus faça sua parte. Não é todo dia que comemoramos BODAS DE OURO. E quando se chega ao topo da montanha da vida, as pernas estão bambas, o coração claudica, o rosto fica desfigurado, a emotividade aflora, os dentes ficam fracos, os cabelos embranquecem, o esqueleto chacoalha. O final se aproxima. Resta-me botar a mochila nas costas e começar a descer a ladeira, lentamente, segurando firme no corrimão da vida; para não dar cambalhotas fatais.
Obrigado pela alegria, amor, confiança, atenção, respeito que tenho recebido de todos vocês. À Zilda, companheira sábia e tolerante, emocionados agradecimentos pelos momentos partilhados e assumidos com amor e dedicação... e por tudo que ainda vem pela frente. A caminhada é longa e cansativa, mas gratificante.
Mesmo porque nunca se sabe quando é o fim.