A MINHA RUA
Jota Há
Ao ler sobre este assunto que brilhantemente
pela Cecília foi lembrado,
verificando os escritos de vocês, muito bem concatenados,
confesso: eu me senti envergonhado.
Nunca neste tema eu havia pensado,
será que sou assim tão desligado?
Para falar da minha rua eu já estou atrasado,
seria uma perda de tempo,
seria fazer chover no molhado,
por motivos de Obras Públicas lá tudo foi modificado.
Eu não tenho a minha rua como vocês estão acostumados.
Alguém agora pode pensar que com
os escritos que seguem eu esteja plagiando,
mas falar do mesmo assunto não é plágio não,
assim estou procedendo apenas para continuação.
Falo da rua da minha filha
onde a criei com muita satisfação,
criei-a com liberdade misturada com o povão,
hoje isso já não existe, pois o que se vê é muita segregação.
Estou me referindo ao passado que não está assim tão distante,
não direi quantos anos para não parecer pedante,
sei que as mulheres não gostam de expor esses atenuantes
e para mim a minha filha sempre será uma debutante.
A rua a qual me refiro sempre foi residencial,
tamanho normal, quatro ou cinco quarteirões,
muito bem arborizada com suas árvores bem tratadas
e as casas sempre pintadas
pareciam que elas próprias transpiravam felicidade.
Seus habitantes proprietários, pessoas amigas e cordiais,
quase todas aquelas casas possuíam quintais.
Fomos felizes? Isso eu não direi,
este termo no plural eu nunca usarei.
Minha filha foi feliz, eu afirmo porque sei.
Nossa casa nesta rua era um ponto de convergência
era festiva e alegre parcimoniosa e inocente,
minha filha comandou-a desde a sua adolescência.
Juliana é o seu nome, para quem eu perdi a identidade,
as pessoas daquela rua e mesmo das adjacências
não sabiam o meu nome, o que eu fazia, do que eu vivia.
Mas... uma coisa elas sabiam:
Aquele é o pai da nossa amiga Juliana.
E eu, até hoje, me sinto muito orgulhoso e contente.