A POESIA E OS POETAS
Jota Há
Após a dissolução do “Dadaísmo” * em 1921, surgiu o movimento que se convencionou chamar “Surrealismo”. Sob a liderança de André Breton, deu-se o primeiro manifesto em 1924, mas já antes da aparição desse documento, os primeiros surrealistas se haviam aglutinado em torno da revista Litterature.
O ambiente em Paris, principalmente, nessa época, vindo do após-guerra, era de grande efervescência literária, filosófica, social, política e econômica. A Primeira Guerra Mundial havia levado a inquietação e o desgosto a todas as partes do mundo.
Já o movimento “DADA” reunira em Zurique, no ano de 1916, um elenco de artistas em torno de Tristan Tzara, como um desfecho do estado de espírito de criaturas desesperadas pela autofagia humana e mundana, que não crê em mais nada de estável e permanente.
O homem total desejoso e apaixonado aparece numa tensão quase insustentável e como que bipartido entre sua dinamização e seu aniquilamento.
Apreciando o panorama da cultura ocidental, a partir do século XIX, Yves Duplessis salienta que “a idéia de que a atividade do poeta é um meio para penetrar no mistério de uma supranatureza ficava enriquecida de uma mística que brotava da revolta rimbaudiana”.
Assim, em todos os domínios do pensamento assistimos a uma revolução do mobilismo universal onde o devenir** constituía o núcleo da vida das imagens que jamais poderia ser entendido pela razão.
Perdão eu peço a todos que este texto ler, e explico, eu adoro esta matéria e, se eu não me policiar permaneço aqui escrevendo muito para dizer tão pouco. Então não estranhem este corte brusco é até contra meus princípios, mas... Convenhamos!
O surrealismo tendo por principio que a poesia é o caminho da liberdade, apegou-se a esta forma literária para extravasar todos os impulsos que lhe vêm da alma, ainda que neste movimento artístico não se pense confundir poesia e literatura, pois a literatura é rejeitada pelos surrealistas em nome da própria poesia.
A poesia, segundo Breton “é o domínio do maravilhoso e o maravilhoso é sempre belo. A poesia não nos interessa na forma de uma narrativa, ela nos transforma pela emoção que dela nos faz nascer. A poesia é o lugar de nossa liberdade e nos permite dar a todas as coisas, a forma de nossos desejos. A poesia é, portanto, o ponto que une o mundo da realidade a este do sonho maravilhoso”.
Já para Yves Duplessis cada homem é um poeta que se ignora – talvez eu esteja inserido neste conceito.
* Movimento artístico e literário, aparecido na França em 1916,
o qual preconizava a volta de um primitivismo infantil.
** Filos. Série de mudanças concretas pelas quais passa um ser.