à TARDE
Jota Há
Mais um dia.
Desde as primeiras horas da manhã, chafurdei-me neste infrutífero trabalho.
Há mais de doze horas que estou trabalhando num ritmo continuado.
Para não faltar com a verdade, parei uns vinte minutos quando tomei um lanche acompanhado de um refrigerante.
O tipo de trabalho que eu executo não demanda assim tanta continuidade, aliás, pode até sair prejudicado por isso. Nem o trabalho e muito menos eu temos essa necessidade.
Todos os da área são unnimes em afirmar que fazemos um raciocínio de cada vez. Acreditando que esses profissionais estão corretos estou tentando aplicar o método, raciocinando em uma só direção sem descontinuidade para não pensar naquilo que no momento não quero pensar.
Tudo isso para dizer que estou usando o trabalho como terapia.
Mas...
Agora nesta parte da tarde, já com doze horas trabalhadas, eu confesso: não sou de ferro, estou realmente cansado.
Parei por alguns minutos, pronto, tudo foi por água a baixo e, mais uma vez me visita a solidão.
Por que ela insiste tanto?
Explicar eu não consigo.
Mas ela não sai daqui, insistente.
Sinto imensa necessidade de solidão.
Quero estar entre a multidão, mas longe dela.
As pessoas vão e vêm eu estou só.
Quero estar só.
Procuro a solidão.
É como encontrar o meu "Eu" profundo, mas não o encontro.
Tentar em vão.