Alguns dizem e repetem com freqüência: meu filho tem que ser o primeiro...
Meu filho tem que ser o melhor...
Ele tem que ser um vencedor.
A criança cresce ouvindo isto o tempo todo e entende que
esse é o desejo de seus pais.
E, porque gosta dos pais, não quer que estes se decepcionem.
Quiçá seja por essa razão que no dia da prova, quando se
sente insegura, busca
colar de alguém para obter uma boa nota e não infelicitar os
pais, que esperam que ela seja a maior...
A criança precisa ser aceita, e entende que para que os pais
gostem dela, deverá ser como eles desejam que seja.
Nesse caso, ela fará qualquer coisa
para ser "gostada".
Começa colando na escola, depois paga para que
terceiros façam os trabalhos propostos pelos professores...
E acabam roubando teses para conseguir a graduação que almejam.
Logo surgem os expedientes mais desonestos para subir de
posto, no campo profissional.
Não hesitam em caluniar colegas para conquistar o cargo que desejam.
Afinal, se os pais sempre esperaram que ele fosse o primeiro,
é preciso ser o primeiro,
mesmo que isso custe a sua dignidade, aliás, ele
nem sabe o que quer dizer isto,
pois seus pais não lhe falaram a respeito dessa virtude.
Cobraram-lhe resultados e ele foi à luta.
Deveria ser o melhor, e ele tem se esforçado para isso..
A que preço? Bem, isso é o de menos... O importante é que seja o primeiro.
Pais que agem dessa maneira, talvez pensem que o
fazem por amor, mas estão
cometendo um crime sem se dar conta disso.
Dizemos um crime porque incentivam o filho a se
tornar um cidadão desonesto,
irresponsável, tudo porque desejam que seja visto nos
primeiros lugares no palco do mundo,
ainda que isso o faça ser o último nos palcos celestes.
Um crime porque o espíritoque lhes foi confiado pelo
Criador para que o ajudassem a
ser um gigante, foi convertido em um pigmeu moral.
Faz-se urgente pensar nesse
problema que a tantos tem infelicitado.
Pais que pressionaram os filhos para que fossem
sempre o primeiro, muitas vezes só se dão conta
disso quando vêem seus nomes nas manchetes
dos jornais, figurando como contraventores.
Há pouco tempo os noticiários falaram a respeito
do primeiro ministro de um
importante país europeu, que lançou mão de
expedientes duvidosos
para incriminar outro país e fomentar a guerra.
Aí é que se percebe a que ponto pode chegar
um homem para conseguir o que deseja.
É para esse fato que muitos pais
não atentam: que suas crianças
um dia se tornarão adultos e poderão
decidir os destinos de uma nação.
Por essas e outras razões, vale a
pena investir no homem de amanhã,
tomando-o pela mão quando
ainda criança, e dar-lhe noções
de dignidade e honradez, sem essa tolice
de querer que sejam os primeiros em tudo.
Ensinar-lhe que não importa ser
o melhor, mas que sejam bons o
bastante para formar outros
cidadãos de bem, exercer com
honra e justiça suas profissões,
construir um mundo melhor.
* * *
Se você recebeu de seus pais
uma educação que fez de você
uma mulher ou um homem honesto,
não negue isso a seus filhos.
Pense que somente um amor
exigente e lúcido será
capaz de conduzir uma alma
pelo caminho do bem.
Seu filho é essa alma
sedenta de luz, não o deixe
caminhar para as trevas
da desonra e da insensatez.
Avalie os valores que lhe
tem passado e, se necessário,
corrija os passos e acerte a direção,
sem demora nem hesitação.
Equipe de Redação do Momento Espírita,
com base em seminário proferido
por Raul Teixeira, no VI Simpósio Paranaense
de Espiritismo, no dia 27/05/03