parte I
Onde tudo começa
Se desejamos educar a fala, primeiramente temos de educar a origem de tudo o que dizemos: os pensamentos. Se nossas mentes estiverem repletas de maledicência e negatividade, por melhor que seja o nosso verniz social, em algum momento nosso real conteúdo mental se revelará.
Eliminar o lixo mental é o primeiro passo para progredirmos na área da expressão oral. As palavras são o reflexo dos pensamentos; quando pensamos com bondade e compreensão, é isso que nossas palavras refletirão. Para Chico Xavier, “o cuidado com as palavras não era mera formalidade nem prova de educação. Tinha fins preventivos, quase terapêuticos. O uso de expressões agressivas era perigoso, arriscado. Os maus pensamentos também. Era Kardec quem ensinava: ‘Os maus pensamentos corrompem os fluidos espirituais, como os miasmas deletérios corrompem o ar respirável…’ ”. (“As Vidas de Chico Xavier”, de Marcel Souto Maior, Editora Planeta).
“Higiene Mental
Incontestável é a importncia dos cuidados com o corpo, obedecendo ao imperativo da higiene a fim de manter-se a saúde. Da mesma forma, cuidar da mente é imprescindível para a conquista da paz interior.
Assim como em uma dieta deve-se selecionar o que será ingerido, de acordo com as conseqüências que a ingestão de cada alimento ocasionará ao organismo, devemos saber filtrar idéias, assuntos e imagens. Temos o controle sobre nossa mente: não podemos evitar que determinados pensamentos nasçam, mas é perfeitamente possível que impeçamos seu desenvolvimento.
Se surgem em nossa mente pensamentos tendentes a desnimo, abatimento, vingança, agonia, angústia ou ansiedade, é hora de por em prática o poder que temos de cortá-los imediatamente. Caso permitamos que eles tomem conta de nós, deixando que se fortaleçam, talvez daremos início a um processo negativo que tem se mostrado quase irreversível em muitos casos. Basta observar quantos ao nosso redor não caíram nessa armadilha preparada, em grande parte, por eles mesmos.
A higiene mental deve ser realizada com um propósito preventivo, em primeiro lugar; saber escolher o que ler, o que ver, o que ouvir. Sempre haverá a opção de um livro edificante em vez de um fútil, ou de um filme que alimente a alma em lugar de angústias e medos e músicas que tragam alegria, ao invés de instigarem tristeza e depressão. Sempre será possível escolher quais lugares freqüentar, que assuntos conversar, que atitude mental tomar face às mais diversas situações da vida.
Busque trazer à sua mente o que há de mais positivo e eliminar as lembranças desagradáveis, as inseguranças limitadoras, os sentimentos contrários à fraternidade, as mágoas guardadas há tempos. Promover tal higiene faz com que se descarte todo o lixo mental, tornando a pessoa mais leve e feliz, com a maravilhosa sensação de finalmente ter tomado as rédeas de seus pensamentos.”
parte II
O campo vibratório
É muito importante que nos policiemos na área da fala, pois, como nos ensina André Luiz, ela está repleta de magnetismo. Vejamos este trecho da obra “As Vidas de Chico Xavier”, do jornalista Marcel Souto Maior (Editora Planeta):
“Um dia, Chico andava esbaforido em direção à Fazenda Modelo quando foi chamado por uma vizinha. Desde a véspera ela tentava falar com o representante do Dr. Bezerra de Menezes. O moço tinha assumido o compromisso de ajudá-la naquela manhã. Atrasado para o serviço, ele seguiu em frente e se limitou a dizer:
- Estou com pressa. Na hora do almoço passo aqui.
Deu cinco passos e ouviu a voz de Emmanuel:
- Cinco minutos não vão prejudicá-lo.
Chico voltou, tirou dúvidas da mulher sobre um remédio receitado pelo Dr. Bezerra e foi embora. A vizinha ficou feliz da vida.
- Obrigada, Chico. Deus lhe pague. Vá com Deus.
O rapaz despediu-se e, cem metros adiante, seguiu outro conselho de Emmanuel. Olhou para trás para ver o que saía dos lábios da moça em sua direção. Enxergou uma massa branca de fluidos luminosos aproximando-se e entrando no corpo dele. Emmanuel concluiu a lição daquele turno:
- Imagine se, em vez de ‘vá com Deus’, ela dissesse: ‘vá com o diabo’. De seus lábios estariam saindo cinzas, ciscos, algo pior.
Chico passou a aconselhar os amigos no centro Luiz Gonzaga:
- Até punhaladas e tiros temos recebido de volta por mau uso das palavras. Um dia, porque adverti um companheiro sem vestir-me da defesa da humildade, recebi, quando menos esperava, um tiro projetado sobre mim com a força de um pensamento carregado de ódio. ”
Como podemos observar, o cuidado com o que falamos não se restringe a uma mera questão de polidez social. É algo muito maior, intrinsecamente ligado ao nosso campo vibratório. E por que devemos nos preocupar com isso? Dando uma resposta bastante simplista a essa pergunta, não nos esqueçamos de que atraímos (e buscamos, ainda que inconscientemente) a companhia daqueles – encarnados e desencarnados – com emissões vibratórias semelhantes às nossas. Além disso, nossa saúde depende da boa qualidade de nossas vibrações. Muitos problemas físicos e espirituais podem ser evitados se cuidarmos dessa área de nossas vidas.
parte III
Uma questão de escolha
As palavras e o tom de voz que empregamos são uma questão de escolha: qual o efeito que queremos produzir nos interlocutores? Queremos encorajar ou ofender? Queremos elogiar ou denegrir?
Podemos utilizar palavras que indicam uma idéia e expressar algo totalmente diferente através do tom de voz. De que adianta elogiarmos alguém com um tom irônico, por exemplo? Portanto, observemos com atenção o modo como nos expressamos, para que não caiamos em contradição.
A respeito da escolha das palavras, vejamos que bela lição nos legou Chico Xavier:
“Com o tempo, Chico passou a apostar na frase ‘o mal é o que sai da boca do homem’ e começou a construir um discurso sob medida. Logo ele se tornou um mestre em eufemismos.
No seu mundo, não havia prostitutas, mas ‘irmãs vinculadas ao comércio das forças sexuais’. Os presos eram ‘educandos’, os empregados eram ‘auxiliares’, os pobres eram ‘os mais necessitados’, os adversários eram ‘nossos amigos estimulantes’ e os maus eram os ‘ainda não bons’. Ninguém fazia anos e sim ‘janeiros’ ou ‘primaveras’. Os filhos de mães solteiras deveriam ser encarados como filhos de pais ausentes. A nota de vinte cruzeiros, entregue com freqüência aos pobres, ganharia um apelido inspirado em sua cor: ‘laranjada’ ”. (“As Vidas de Chico Xavier”, de Marcel Souto Maior, Editora Planeta).
Como conversamos no início da semana, o que dizemos reflete o nosso conteúdo mental. Que espécie de conteúdo mental transparece nos palavrões? Richard Simonetti, na obra “Não pise na bola” (Casa Editora O Clarim), auxilia-nos a elucidar essa questão, definindo o palavrão como “um eco das cavernas, o rosnar do troglodita que ainda existe no comportamento humano”.
E acrescenta: “não podemos confundir rótulo com conteúdo. É fácil cultivar urbanidade nos bons momentos. Mostramos quem somos quando nos pisam nos calos ou martelamos os dedos. (…) O palavrão nos coloca à mercê das sombras.”
Ainda sobre o palavrão, o autor esclarece que é possível “(…) fazer carinho com um palavrão ou agredir com palavras carinhosas. Não me parece de bom gosto demonstrar carinho com palavrões. Imagine-se dando uma palavra carinhosa em alguém. Além disso há o problema vibratório. (…) Desde cedo, vinculando-me ao Espiritismo, compreendi que esse tipo de linguajar não interessa ao bom relacionamento familiar e muito menos à nossa economia espiritual”.
Dessa forma podemos compreender a importncia da boa escolha das idéias, das palavras e do tom de voz não somente para o nosso relacionamento social, mas principalmente para a nossa saúde física e espiritual.
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