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General: VERANEIO DE GAUCHO
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Respuesta  Mensaje 1 de 2 en el tema 
De: ANINHACOLOGNI  (Mensaje original) Enviado: 15/01/2010 16:30
VERANEIO DE GAUCHO

(Por Paulo Wainberg)

 

Está chegando o verão e com ele o veraneio, como chamamos aqui no Sul.

Não sei se vocês aí, de outros Estados, sabem, mas temos o mais fantástico litoral do País: de Torres ao Chuí, uma maravilhosa linha reta, sem enseadas, baias, morros, reentrncias ou recortes. Nada! Nada, apenas uma linha reta, areia de um lado, o mar do outro, “cosa” de macho, mesmo.

Torres, aliás, é um equívoco geográfico, um verdeiro aborto da natureza, totalmente contrário às nossas raízes farroupilhas e, por conseguinte  deveriamos entragar para os “Catarina”.

Característica nossa, não gostamos de intermediários.

Nosso veraneio consiste em pisar na areia, entrar no mar, sair do mar e pisar na areia. Nada de vistas deslumbrantes, nada de palmeiras e coqueiros, vegetação verdejante, montanhas e falésias, prainhas paradisíacas e outras frescuras cultivadas pelo pessoal que habita o território acima do Mapituba.

O mar gaúcho não é verde, não é azul, não é turquesa (tudo coisa de bicha) .

É marrom!  Sim, M-A-R-R-O-M . Prá ser mais preciso: Marrom Nescau.

Cor de barro iodado que é excelente pra  saúde e pra  pele!  E nossas ondas são constantes, nem pequenas nem gigantes, não servem pra essas boiolices de pegar jacaré ou furar onda. O solo do nosso mar é escorregadio, irregular, rico em buracos. Mas se tem uma coisa de bom pra gauchada se divertir; é o repuxoo. Ah la fresca, e que repuxo. O índio véio que entra nele tem que se garantir se não perde os calção.

Nem vou falar em “certos inconvenientes” como as estradas atulhadas de auto, balneários hiper-lotados, supermercados botando gente pelo ladrão, aliás a diversão no super é assistir a briga por “bombona” de água mineral, pela Polar e pela costela, mas bah ! dá cada peleia, cosa mas linda. Falta de produtos, buzinaços de manhã de tarde e de noite, areia fervendo, crianças berrando, ruas esburacadas, tempestades e pele incendiando, porque protetor solar é coisa de fresco e em praia de gaúcho não tem sombra. E tem os dias de chuva, quase sempre nos fins-de-semana, provocando o alegre, intermitente, reincidente e recorrente coaxar dos sapos e assustadoras revoadas de mosquitos.

Dois ventos predominam, em nosso veraneio: o nordeste – também chamado de nordestão (normalmente a uns 60 km/h) e o sul, cuja origem é lá pras bandas da Antártida.

O nordestão é vento com grife e estilo... estilo vendaval.

 Chega levantando areia fina que bate em nosso corpo como milhões de mosquitos a nos pinicar. Quem entra no mar, ao sair rapidamente se transforma no – como chamamos com bom-humor – veranista à milanesa. A propósito, provoca um fenômeno único no universo, fazendo com que o oceano se coloque em posição diagonal à areia: você entra na água bem aqui e quando sai, está a quase um quilômetro para sul. Essa distncia é variável, relativa ao tempo que você permanecer dentro da água.

Outra “cosa”: nosso mar é pra macho! Água gelada, vai congelando seus pés e termina nos cabelos. Se você prefere sofrer tudo de uma vez, mergulhe e erga-se, sabendo que nos próximos quinze minutos sua respiração voltará ao normal: é o tempo que se leva para recuperar do choque térmico.

Noventa por cento do nosso veraneio é agraciado pelo nordestão que, entre outras coisas, promove uma atividade esportiva praiana, inusitada e exclusiva do Sul: Caça ao guardassol. Guardassol, você sabe, é o antigo guarda-sol, espécie de guarda-chuva de lona, colorida de amarelo, verde, vermelho, as cores do pavilhão riograndense, cujo cabo tem uma ponta que você enterra na areia e depois senta embaixo, em pequenas cadeiras de alumínio que não agüentam seu peso e se enterram na areia.

Chega o nordestão e... lá se vai o guardassol, voando alegremente pela orla e você correndo atrás. Ganha quem consegue pegá-lo antes de ele se cravar na perna duma véia ou desmanchar o castelo de areia que, há três horas, oum marmajo está construindo com seu filho de cinco anos.

O vento sul, por sua vez, é menos espalhafatoso. Se você for para a praia de sobretudo, cachecol e meias de lã, mal perceberá que ele está soprando. É o vento ideal para se tomar chimarrão e comprar milho verde para  deixar a água fervente escorrer em suas mãos, para descongelar.

Raramente, mas acontece, somos brindados com o vento leste, aquele que vem diretamente do mar para a terra. Aqui no Sul, chamamos o vento leste de ‘vento cultural’, porque quando ele sopra, apreendemos cientificamente como deve se sentir o camarão cozinhado ao bafo.

E, em todos os veraneios, acontece aquele dia perfeito: nenhum vento, mar tranquilo e transparente, o comentário geral é: “foi um dia de Santa Catarina, de Maceió, de Salvador” e outras bichices. Esse dia perfeito quase sempre acontece no meio da semana, quando quase ninguém está lá para aproveitar. Mas fala-se dele pelo resto do veraneio, pelo resto do ano, até o próximo verão.

Morram de inveja, esta é outra das coisas de gaúcho!

Atenta a essas questões, nossa industria da construção civil, conhecida mundialmente por suas soluções criativas e inéditas, inventou um sistema maravilhoso que nos permite veranear no litoral a uma distncia não inferior a quinhentos metros da areia e, na maioria dos casos, jamais ver o mar: os famosos condomínios fechados.

A coisa funciona assim: a construtora adquire uma imensa área de terra (areia), em geral a preço barato porque fica longe do mar, cerca tudo com um muro e, mal começa a primavera, gasta milhares de reais em anúncios na mídia, comunicando que, finalmente agora você tem ao seu dispor o melhor estilo de veranear na praia: longe dela. Oferece terrenos de ponta a ponta, quanto mais longe da praia, mais caro é o terreno. Você vai lá e compra um.

Enquanto isso a construtora urbaniza o lugar: faz ruas, obras de saneamento, hidráulica, elétrica, salão de festas comunitário, piscina comunitária com água quente, jardins e até lagos artificiais onde coloca peixes para se pescar. Sem falar no ginásio de esportes, quadras de tênis, futebol, futebol-sete e é claro, a cancha de bocha. Se o lago for grande, uma lancha e um professor para você esquiar na água e todos os demais confortos de um condomínio fechado de Porto Alegre, além de um sistema de segurança quase, repito, quase invulnerável.

Feliz proprietário de um terreno, você agora tem que construir sua casa, obedecendo é claro ao plano-diretor do condomínio que abrange desde a altura do imóvel até o seu estilo.

O que fazemos nós, gaúchos, diante dessa fabulosa novidade? Aderimos, é claro. Construímos as nossas casas que, de modo algum, podem ser inferiores as dos vizinhos, colocamos piscinas térmicas nos nossos terrenos para não precisar usar a comunitária, mobiliamos e equipamos a casa com o que tem de melhor, sobretudo na questão da tecnologia: internet, TV à cabo, plasma ou LSD, linhas telefônicas, enfim, veraneamos no litoral como se não tivéssemos saído da nossa casa na cidade.

Nossos veraneios costumam começar aí pela metade de janeiro e terminar aí pela metade de fevereiro, depende de quando cai o Carnaval. Somos um povo trabalhador, não costumamos ficar parados nas nossas praias. Vamos para lá nas sextas-feiras de tarde e voltamos de lá nos domingos à noite. Quase todos na mesma hora, ida e volta.

É assim que, na sexta-feira, pelas quatro ou cinco da tarde, entramos no engarrafamento da Free Way. Chegamos ao nosso condomínio lá pelas nove ou dez da noite, louco de cansado. Usufruímos nosso novo estilo de veranear no sábado – manhã, tarde e noite – e no domingo, quando fechamos a casa.

Adoramos o trabalhão que dá para abrir, arrumar e prover a casa na sexta de noite, e o mesmo trabalhão que dá no domingo de noite.

E nem vou contar quando, ao chegarmos, a geladeira estragou, o sistema elétrico pifou ou a empregada contratada para o fim-de-semana não apareceu.

Temos, aqui no Sul, uma expressão regional que vou revelar ao resto do mundo:
Graças a Deus que terminou  esta bosta de veraneio!


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Respuesta  Mensaje 2 de 2 en el tema 
De: Marybru Enviado: 16/01/2010 00:46
BOA NOITE, DURMA BEM,
OBRIGADA PELO CARINHO E AMIZADE.
OBRIGADA POR ESTAR SEMPRE CONOSCO, BEIJINHUS NO CORAçãO.
mary-1-4.jpg picture by mary_poderosa


 
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