AMOR
Jota Há
Nunca naveguei por estes mares, trata-se de um assunto muito complexo e que foge do meu restrito conhecimento. Mas... Nunca deixei de ler os trabalhos escritos sobre essa matéria que estiveram ao meu alcance.
O mais recente é do educador americano de origem italiana Leo Buscaglia, que tem por título “AMOR”. Ele é autor de Vivendo, Amando e Aprendendo, entre outros. Trata-se de um dos maiores experto no assunto , entre outras coisas, ele escreveu quê: “para amar, precisamos ter a sutileza de um sábio, a flexibilidade de uma criança, a sensibilidade de um artista, a compreensão de um filósofo, a aceitação de um santo, a tolerância de um consagrado, os conhecimentos de um erudito e a fortaleza da certeza”.
Já tive oportunidade de ler outros inúmeros livros dos mais variados e celebres autores, que descrevem requisitos e receitas para se viver um amor integral e integrado: respeito, confiança, comunicação, paciência, responsabilidade, tolerância, sensibilidade, flexibilidade, companheirismo, interesse, generosidade, conhecimento…
Para algumas pessoas, o amor seria a sublimação do ato sexual. Para outras uma forma de comunicação. Será um sentimento tão complicado assim?
Ou será que se todas as pessoas agissem naturalmente, sem rotulá-lo, sem tratá-lo tecnicamente, assim como fazem os outros animais, ditos irracionais, as coisas por si só não seguiriam seus rumos?
Se for fácil sentir amor, expressá-lo é difícil e defini-lo, impossível. Há pessoas que dizem que só se ama uma vez na vida, porém sabemos que o potencial do amor é ilimitado. Segundo estudo já publicado, o ser humano é capaz de amar mais de 2000 pessoas na vida! Mas nunca é igual. Varia em forma e grau.
O que ninguém duvida é que precisamos dele para nos sentirmos inteiros.
São tantas as técnicas e tantas complicações, que o real sentido da palavra vai sendo banalizado como tantas outras já foram.
Mas é possível que a receita esteja na própria palavra.
A letra “A” poderia significar: aproximação, acolhimento, aconchego. Poderia, da mesma forma, significar: afinco e alcance. Mas altruísmo seria uma boa, visto que controlar nosso egoísmo e ficar atentos às necessidades do outro.
A letra “M” poderia ser; manifestação, merecimento. Mas poderia significar manutenção, porque se perde o que não se cultiva.
A letra “O” poderia ser; oportunidade e opção, já que temos a oportunidade de escolher os caminhos do amor. Originalidade e otimismo fazem bons duplos. Porém, talvez o mais importante seja outorgar, pois é pela nossa oferta que percebemos a dimensão do amor.
A letra “R” poderia simbolizar a recordação, já que, cada vez que amamos, passamos toda nossa vida de novo pelo coração. Rituais não poderiam ser esquecidos, visto que precisamos de detalhe que nos lembrem, sermos queridos. Respeito, reciprocidade e saber receber são essenciais. E quem já amou sabe da necessidade permanente de reconciliar. Rir também tem papel fundamental em toda relação sadia.
Entretanto, por complicarmos, via educação, religião e economicamente nossa percepção desse sentimento. O temor que esta emoção provoca hoje faz com que, para a maioria dos mortais, sua vivência se manifeste na versão negativa.
Quantas vezes a letra “A” é vivida como angústia, ansiedade, arrogância, auto-suficiência e autoritarismo? E o que dizer da letra “M”, que se torna mal- humor, materialismo, manipulação e machucar? A “O” vira ostentação, orgulho excessivo, opressão, obstinação e obsessão. E a “R” se veste de raiva, rancor e revolta.
Assim, passamos pela vida atrofiando nossa capacidade de reflexão e agimos impulsivamente. Na procura de soluções, facilmente substituímos a capacidade de amar por teorias sobre o amor.
Só a simplicidade constrói.
“Um peixe e um pássaro podem se apaixonar, mas onde irão construir o ninho?”
A. D.