Estar em
casa
Dias felizes... A leveza de simplesmente ser.. Há quanto tempo não se
sentia assim... E o que realmente fizera para estar neste estado?
Ela mesma não o sabia.... O trabalho perfeito; as pessoas a sua
volta usufruindo do seu estado amoroso; uma consciência precisa da
sua realidade. Dormia como dormem as crianças... Passava pelos
dias como a brisa pela flor. Orava ao entardecer; meditava e
começava a aprender a simplicidade que o silêncio lhe trazia; a
humildade que a natureza lhe revelava. Um dia, sem bem saber o
porquê, acordou sentindo-se vazia, sem direção; nem à direita, nem à
esquerda. Olhava em silêncio ao seu redor; percorria seu
interior em busca da sua alegria, sua conexão com o Amor que,
um momento antes do amanhecer,
lhe despertava para que pudesse usufruir da doce visão
dos primeiros raios de sol;
dos
primeiros vôos dos pássaros... E agora, despertara só, sem nenhum
chamado... Tudo estava tão silencioso... Não sentia dor, nem
tristeza... Sentia apenas a ausência daquela companhia invisível que
a deixava tonta de alegria e paz. Pensou como resgataria tal
companhia se mal sabia como ela o cabia dentro do ser... Foi então
que, percebeu-se mansa, tranqüila... Poderia pedir por ela;
havia lido em algum lugar "pede e te será dado"... Pediu sem saber
como poderia pedir; chamou sem saber como poderia chamar e esperou.
Esperou com a calma daqueles que já não abrigam-se sob as asas do
tempo... E então, percebeu seu coração pulsando leve, em harmonia
com sua respiração... Sentiu a alegria lhe rondando feito chuva de
primavera... Em seu espírito sentiu a mão doce e calorosa do amor
derramando luz em sua consciência... Falando-lhe mansamente:
"Que bom tê-la novamente em Casa!"
(Estação
da Paz)
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