Sinto o meu coração envolto numa cama de gelo, coberta por um cobertor em chamas. O gelo dissolve os meus pensamentos, o fogo queima as minhas emoções, mas o gelo não sucumbe ao calor das chamas, e as chamas não cessam perante o frio do gelo. Quero escapar, não sei de onde. Lembro-me por um instante, e depois, essa pobre e pequena reminescência de lucidez, desaparece, num mundo de loucura e de demência Sei que não vou voltar, e, infelizmente, sei que estas duas afirmações são a última lembrança da minha lucidez e da minha sanidade. Estou a perder-me num mundo desconhecido. Quero recuperar a minha sanidade, mas é impossível. Amordaçam-me para que não grite; posso perturbar os dois últimos seres lúcidos e sãos: as palavras lucidez e sanidade; são imunes a tudo isto. Pode ser que tudo acabe e que volte ao normal, mas o que sei eu? Estou tão louca e demente como todos os outros...
|