Elas escolheram não casar, não constituir família, viver sozinhas. Sem drama, pelo menos aparentemente. É assim com um número cada vez maior de mulheres. Donas do próprio espaço, depois dos 50 anos, elas argumentam que a liberdade conquistada não tem preço. Não formar um par e ir contra o que exige a sociedade não significa, necessariamente, arcar com algum tipo de ônus.

A psicóloga, especializada em terapia de casal pela UFRJ, Rosaura Figueiredo, defende que a felicidade não é aparente. "É extremamente sufocante para elas abrirem mão de seu espaço e serem obrigadas a conviver diariamente com um companheiro no mesmo ambiente”, afirma ela, que declara conviver cada vez mais com casos assim em seu consultório. E a questão dessas mulheres não é o medo da solidão, mas sim de perderem sua individualidade.

A psicóloga Luiza Moura é um exemplo de mulheres que decidem e se sentem muito bem em não se casarem e se manterem sozinhas. Apesar disso, para Luiza a família e amigos são presenças essenciais em sua vida. “Me casei três vezes e estou separada há 20 anos, desde então me envolvi com outras pessoas mas decidi por não ter mais uma relação séria com ninguém. Sou muito feliz e nunca me senti solitária, pois tenho pessoas muito queridas junto a mim”, conta ela.
 
O tempo de Luiza é preenchido com coisas que a dão prazer. “Estou sempre próxima de pessoas que amo, adoro meu trabalho e dedico todo meu tempo a mim. Me amo mais do que nunca”, declara Luiza. Mas nem sempre foi assim, Luiza passou por alguns julgamentos em relação a sua decisão. Sua família não compreendia o fato de uma mulher jovem e alegre não ter um companheiro. ”Minha família me cobrava uma justificativa por estar sozinha, apenas dizia que era o que me fazia feliz”.