Como falar com os adolescentes sobre amor
2010-11-15
Pais, animem-se: pode ser feito e sem estardalhaço ou discussões. Há estratégias que realmente funcionam.
Quando a sua filha de 15 anos teve uma paixão arrasadora por um rapaz, Susan Johnson quis ajudar a filha adolescente a compreender esta irresistível atracção. Mas sabia que, como quase todos os adolescentes, a sua filha seria super sensível à menor sugestão de crítica.
Por isso, iniciou a conversa admitindo que ela própria, quando estava a crescer e era adolescente em Inglaterra, também sentia paixões – uma vez, por exemplo, ficou inebriada com um rapaz do coro. «Costumava espiá-lo de detrás dos bancos do coro», contou ela à filha. «E depois ia a pé para casa, seguindo-o, na esperança de que ele se voltasse para trás e falasse comigo.»
Susan Johnson não é apenas mãe: é professora de Psicologia Clínica da Universidade de Ottawa, e uma das terapeutas derelacionamentos entre casais mais conhecida do continente americano. E segundo ela, uma das melhores formas de os pais falarem aos filhos sobre o amor é contando histórias sobre si próprios. Isto ajudará os adolescentes a sentirem-se mais confortáveis com os seus sentimentos mais fortes e perturbantes.
Não sendo nunca fácil iniciar uma conversa com adolescentes sobre os altos e baixos do amor, os especialistas dizem que há maneiras de o fazer e mensagens valiosas a passar. Aqui estão algumas:
Amor Não É Só Fazer o Que a Outra Pessoa Quer
«Os adolescentes enamoram-se num abrir e fechar de olhos», diz Meg Hickling, autora de The New Speaking of Sex (Uma Nova Maneira de Falar Sobre Sexo). Depois de 30 anos a viajar por todo o Mundo como educadora de saúde sexual, Meg Hickling, que vive em Vancouver, diz que aprendeu que a maior parte dos adolescentes não entende que o amor leva tempo.
«Costumo dizer-lhes que o verdadeiro amor tem respeito e dá espaço para a outra pessoa crescer», diz Meg Hickling. «Muitos adolescentes pensam que amor é estarem à mercê um do outro.» Preocupam-na em particular as adolescentes que acreditam que «amar um rapaz é fazer tudo aquilo que ele quer».
Algo semelhante precocupava Karen Gram, mãe e jornalista de Vancouver, quando a sua filha Yette – que não tinha grande experiência de sair com rapazes – se apaixonou por um rapaz do Ontário que conhecera através da Internet.
Com o computador da família na cozinha para melhor controle, Karen via a filha, aluna do 10.º ano, a corresponder-se com o rapaz. «Perguntei à minha filha do que é que ela gostava especialmente neste rapaz», conta Karen, «e ela respondeu-me “Ele faz-me rir”. Era compreensível.»
Mesmo assim, Karen tentou preparar a filha para uma prevista visita do rapaz. «Disse-lhe que quando finalmente o conhecesse em pessoa, poderia não haver qualquer atracção entre eles. E ela aceitou isso. Disse-lhe mais:”às vezes eu gosto de pessoas porque elas gostam de mim, mas não me parece que seja razão suficiente para se ter um relacionamento com alguém. ”Pedi-lhe que tivesse isso em conta para poder controlar a sua própria vida. Estava a tentar dar-lhe segurança através de uma demarcação de limites antes de conhecer o rapaz.»
Amor É Difícil e Pode Magoar
Os adolescentes merecem respeito durante o acesso ao emocionante e difícil mundo dos relacionamentos. «Todos os pais tentam instilar espírito crítico e sensatez, mas é claro que esses esforços são inúteis», diz Susan Johnson a rir. «Não vale a pena pedir à minha filha, da maneira mais simpática possível “Não achas que este rapaz está a ser um pouco manipulador?” Não vale a pena porque ela tem uma paixão por ele.»
Em vez disso, Susan Johnson tenta aproximar-se da filha da mesma forma que se aproxima dos seus clientes nas sessões de terapia para casais adultos. «O que tento dizer são coisas como “O que é que sentes quando estás perto deste rapaz de quem gostas? O que é que sentes de bom neste relacionamento? O que é que não te parece bem?”.»
A estas perguntas, diz Susan Johnson que a filha lhe tem respondido que, dado que os outros miúdos fazem pouco dela, sente-se mais segura quando o rapaz está por perto. Susan Johnson, por sua vez, confirma-lhe que segurança é uma das coisas que se deve sentir quando se está apaixonado.
«E depois poderei talvez perguntar-lhe “Há algum momento difícil, com este rapaz?”. E ela talvez me responda “Sim, tenho ciúmes porque acho que ele gosta mais da outra rapariga do que de mim.” Depois podemos falar de como o amor pode ser assustador porque é um risco.»