Alo amigo Noel!
Conceda-nos a intimidade! Afinal de contas, quando tínhamos menos de 5 anos nossos avós diziam que já o conheciam muito bem e o chamavam de “bom velhinho”. Portanto você faz parte da família. Logo, podemos conversar de forma menos formal.
Permita-nos contrariá-lo, mas este ano não vamos lhe pedir presentes. Não queremos bolas de futebol ou de esferas coloridas para a o pinheiro frondoso. Na verdade, vamos convocá-lo para fazer parte de nossa seleção do amor como nosso treinador. Creio que podemos acertar as bases sem a presença de “procuradores” que na verdade só visam as polpudas comissões.
Nos últimos anos temos pisado na bola, com certeza. Não realizamos nem metade das promessas efetuadas na noite consagrada a Jesus. Acreditamos que nos tenha faltado um técnico lúcido para coordenar nossas jogadas de ataque com objetividade em busca da vitória da família. Permanecemos por muito tempo na defensiva e permitimos que os elementos do mal construíssem um placar elevado contra nossa equipe desarvorada e sem rumo.
Nossas desavenças internas criaram atritos dolorosos entre nossos irmãos, que chegam a empunhar estandartes de seus clubes para ferir seus semelhantes com camisas diferentes, inclusive crianças. Na maioria das vezes por discordncia sobre um impedimento mal marcado. Uma besteira que não se alinha com a condição de seres racionais que nos rotulamos. Realmente desperdiçamos nossa potencialidade para a evolução com fatos mesquinhos.
Então resolvemos mudar a tática para o próximo confronto. Nada de esquemas tipo: 4-3-3 ou retrancado 4-4-2. Pretendemos seguir suas instruções inteligentes. Que agora todos juntos solidifiquem as bases defensivas contra os inimigos da paz e da bondade. Todos unidos ergam pontos de apoio no meio de campo onde a razão predomina em busca da harmonia perfeita. Seguros de nossas habilidades e sob sua conduta avançaremos em direção à intermediária do mal, tomando cuidados para não sermos apanhados em impedimento por algum “bandeirinha” distraído ou vesgo. Quem estiver pela extremidade do campo perto da marca de escanteio fará o cruzamento para dentro da grande área. E o melhor colocado de nós, isento de egoísmo e vaidade, fará com que a bola suavemente ultrapasse a linha fatal e adormeça na rede adversária para consignar o gol da vitória.
Apenas um gol nos basta. Não pretendemos humilhar a torcida rival que até hoje tem escarnecido sobre nossas derrotas. Esperamos que alguns elementos do outro lado percebam por quanto tempo estiveram enganados e passem a torcer por nossa camisa, confeccionada com as cores da esperança de uma verdadeira fraternidade.
Se formos felizes nesta grande partida, certamente teremos o patrocínio de Deus na próxima temporada. E renovaremos seu contrato por mais um século. No dia do jogo, pode comparecer ao estádio com sua roupa tradicional. Apenas troque as botas pelas chuteiras com travas altas para não escorregar no gramado úmido pelo orvalho. Não esqueça do gorro para proteção contra o sereno quase invisível. Pode ingerir umas quatro rabanadas, pois durante a partida você perderá este excesso de peso. As crianças que entrarão no estádio segurando suas mãos ficarão extasiadas de alegria pela festa que faremos irmanados com todo o anel das arquibancadas, cadeiras e cabines de rádios e tvs.
Como sabemos que sua repleta agenda (se você precisar de um palm-top avise-nos para que façamos uma “vaquinha” para presenteá-lo) de compromissos algumas vezes o confunde, anote aí o dia do jogo:
25 de dezembro deste ano às 24 horas! Local: nossa casa.
Só para lembrar. Como o trnsito celestial deverá estar engarrafado por dóceis anjos carregando sacolas para as crianças, tente chegar duas horas antes para que possamos cerzir em sua jaqueta vermelha o nome de nosso time: humanidade futebol clube.