No dia 22 de abril de 1500, chegavam ao Brasil as 13 caravelas
portuguesas capitaneadas por Pedro Álvares Cabral.
O navegante fazia
parte de uma tradicional e abastada família portuguesa. Sabe-se que
possivelmente nasceu em 1467, no Castelo de Belmonte, em Beira Baixa.
Naquele período o comércio terrestre de Portugal passava por um período
bastante ruim, e o mar Mediterrneo estava sob o monopólio árabe e
italiano, fato que levou os portugueses a se aventurarem por mares nunca
dantes navegados, como diria Luís de Camões.
Naquele dia, quase no fim
da tarde, a agitação tomou conta da marujada.
A excitação era
explicável: após 43 dias navegando no assustador mar-oceano, que
acreditavam que era habitado por monstros e terríveis criaturas,
os
navegadores avistaram uma porção de algas-marinhas boiando – sinal certo
de que havia terra próxima.
O século XIV havia sido marcado por uma terrível crise e o rei e a
burguesia de Portugal viam como única saída o comércio marítimo.
Mas
para se lançarem ao mar os portugueses deveriam vencer seus próprios
medos.
Além disso, acreditavam que em algum lugar do oceano haveria um
abismo sem fim que tragaria as embarcações.
Outra crença dizia que as
águas próximas ao Equador seriam tão quentes que ferveriam os corpos das
tripulações dos navios.
Em 1498, entretanto, após concluir o Périplo
Africano, Vasco da Gama chega às Índias Orientais e entra em contato
direto com
os produtos mais valorizados do período: as especiarias e os
tecidos finos do oriente.
No mês de março de 1500, Dom Manuel I, rei de Portugal, deu a Cabral a
missão de liderar a segunda expedição
comercial que tinha como objetivo
chegar às Índias. Dessa vez foi organizada uma poderosa esquadra com 13
navios e cerca de mil homens.
A viagem foi marcada por aventuras e
desventuras. Para começar ela foi muito lenta.
Hoje um cruzeiro marítimo
não leva mais que 15 dias para fazer o mesmo trajeto.
Uma doença chamada escorbuto era a maior ameaça para os marinheiros.
As gengivas adormeciam e a parte doente tinha de ser cortada.
Essa
doença era provocada pela falta de vitamina C, presente nas frutas e
verduras que não faziam parte do cardápio a bordo:
os viajantes
privilegiavam as carnes salgadas. Os trajes da época também não
favoreciam os viajantes:
eram muito pesados e tinham pouca ventilação.
Isso provocava uma série de doenças respiratórias nos tripulantes.
Em 22 de abril eles chegaram às novas terras. Num primeiro momento,
acreditavam tratar-se de um grande monte ao qual deram o nome de
Pascoal.
Em 26 de abril celebraram, na região do sul da Bahia, a
primeira missa em solo brasileiro.
O local descoberto pelos portugueses
recebeu sucessivamente os nomes de Ilha de Vera Cruz,
Terra de Santa
Cruz e, finalmente, Brasil, depois da descoberta de grande quantidade de
pau-brasil nas costas do país.
O Descobrimento do Brasil pode ser entendido como mais um capítulo da
Expansão Marítima européia do início dos tempos modernos.
Naquele
momento, Portugal e Espanha exploravam o oceano em busca de novas
terras. Em 1492, Cristóvão Colombo,
explorador italiano, navegando em
nome dos reis da Espanha, chega às Américas.
Em 1494, Portugal e Espanha
assinaram o Tratado de Tordesilhas, estabelecendo em nome de qual país
ficariam as terras a serem descobertas.
O Tratado estabelecia uma linha
imaginária a 370 léguas das ilhas de Cabo Verde:
as terras a serem
descobertas à oeste seriam da Espanha e as terras à leste seriam de
Portugal.
Mesmo após a descoberta do Brasil, Portugal continuava empenhado em
seu comércio com as Índias orientais,
pois as especiarias encontradas
por lá tinham grande valor comercial no mercado europeu.
Durante os 30
primeiros anos, Portugal realizava por aqui o extrativismo do
pau-brasil.
Essa madeira era utilizada para se extrair uma tinta
avermelhada da qual eram tingidos tecidos.
Para a extração do
pau-brasil, os portugueses se utilizavam do trabalho indígena.
Os índios
recebiam quinquilharias em troca da madeira que era armazenada nas
feitorias e transferida para Portugal.
Foi em 1532 que Portugal mandou para cá Martim Afonso de Sousa. Foi
ele quem fundou a primeira vila brasileira no litoral de São Paulo:
São
Vicente. Com ele vieram para cá também os primeiros colonizadores das
terras do Brasil.
Trouxeram para o Brasil mudas de cana-de-açúcar,
produto conhecido do oriente pelos portugueses
e já produzido em algumas
ilhas da costa africana pelos lusos.
A decisão portuguesa em colonizar o
Brasil estava ligada ao interesse em não perder a terra aos povos
estrangeiros,
notadamente holandeses, franceses e ingleses que sempre
ameaçavam os portugueses nos seus domínios americanos.
Ricardo Barros Sayeg é Professor de História do Colégio Paulista,
Mestre em Educação pela Faculdade de Educação da USP e formado em
História e Pedagogia pela mesma universidade.