Maldade perpétua
Há quem acredite na existência de demônios.
Segundo a concepção mais comum, são seres voltados eternamente ao mal.
Teriam até sido anjos, no pretérito remoto.
Entretanto, por conta de uma rebelião contra Deus, foram expulsos do céu.
Trata-se de uma crença respeitável e talvez até necessária, em certo período da história humana.
Mas não resiste ao crivo da razão.
A Criação Divina é perfectível e está em contínuo avanço.
Gradualmente, os costumes se renovam, os pensamentos se aperfeiçoam e os sentimentos se purificam.
O retrocesso é estranho às Leis Divinas.
Nenhum ser genuinamente bom cansa da bondade e passa a cometer atos cruéis.
O contrário é que se dá.
A maldade, sim, cansa, inclusive pela cota de sofrimentos e desgostos que necessariamente causa.
O mal perpétuo, como destino de uma criatura, desmentiria a inteligência e a bondade do Criador.
Assim, todos cometem erros no processo de aprendizado.
Mas todos se recompõem, mais cedo ou mais tarde.
Os gênios perversos das tradições religiosas são apenas Espíritos, iguais aos que animam os homens de hoje.
Basta que alguém adote conscientemente a crueldade por trilha de ação para assemelhar-se a eles.
Observe as lágrimas dos órfãos e das viúvas, ao desamparo.
Há quem as faça correr.
Repare nos apetrechos de guerra, estruturados para assaltar populações indefesas.
Há quem os organize.
Medite nas indústrias do abortamento.
Há quem as garanta.
Reflita nos mercados de entorpecentes.
Há quem os explore.
Essas verdades acusam a Humanidade toda.
A condição moral da Terra é o reflexo coletivo dos que nela habitam.
Todos têm acertos e desacertos.
Todos possuem sombra e luz.
Consciências encarnadas em desvario fazem os desvarios da esfera humana.
Consciências desencarnadas em desequilíbrio geram os desequilíbrios da esfera espiritual.
Justamente por isso, o Evangelho assevera:
Ninguém entrará no Reino de Deus sem nascer de novo.
Já o Espiritismo acentua:
Nascer, morrer, renascer de novo e progredir continuamente, tal é a lei.
Isso quer dizer que ninguém consegue desertar da luta evolutiva.
É preciso seguir vigilante no serviço do próprio burilamento e no auxílio ao progresso do próximo.
Certamente um dia o amor puro liquidará os infernos de dor e incompreensão.
Mas tal só se dará quando todas as inteligências transviadas estiverem sublimadas pela força da educação.
Educar-se e ao semelhante é tarefa de cada homem que sonha com um amanhã melhor.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. XXXIII, do livro Justiça Divina, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cndido Xavier, ed. Feb.