A MADEIRA PARA LUTHER
Havia quase quatro meses que Luther retornara da guerra. Ele e sua esposa Jenny trabalhavam em um laticínio em Mount Vernon. Nessa manhã ele estava no Miller Café, situado ao lado do correio. Sentado estava seu amigo Fred Hill, que não tinha ido para a guerra no Pacífico. Fred estava na ocasião com os pais doentes e ele precisava tocar a fazenda.
Luther parecia abatido. - Não consigo entender o que poderia deixá-lo assim - disse Fred. - Você saiu ileso da guerra, tem uma esposa linda e um filho que está para nascer. Além disso, tem um trabalho. Qual é o problema? - A mãe de Jenny está muito mal - disse Luther. - Teremos de acolhê-la em nossa casa e, quando o bebê chegar, não haverá espaço suficiente na casa. - Você não poderia construir um cômodo a mais?
- Não consigo comprar madeira, parece que o estoque acabou. Enquanto estivermos em guerra não haverá nova remessa. O bebê vai nascer em agosto, e não podemos esperar até a madeira secar; além disso não dá para construir um quarto todo com carvalho. - Não mesmo! - concordou Fred.
Os dois rapazes saíram do café e foram ao correio. No final da tarde, após tirar o leite das vacas, Fred sentou-se na varanda com Maggie. Ele comentou que os dias estavam ficando mais longos. O pai de Fred, antes de sofrer o ataque do coração, construíra uma garagem nova (antes do Natal) para abrigar o Ford 1941 novo.
Na manhã seguinte, Fred se encontrou de novo com Luther, no Café Miller. - Ainda não achou a madeira, não é mesmo? -Ainda não.
Sem hesitar, Fred disse que encontrara a madeira. Luther ficou extasiado: "Achou? Onde?".
Fred explicou que era de um amigo e que ele a daria para Luther, pois este era um veterano de guerra. - Como ele não quer se identificar, eu trarei a madeira para você. Parece que é boa, abeto e pinho, cortada em diferentes comprimentos. Apesar de ter pregos nela, não atrapalhará sua construção. Você prepara o alicerce, e eu lhe trarei uma caminhonete cheia todos os dias. Depois, eu o ajudo a construir. Garanto que acabaremos antes de o bebê nascer. Luther, enquanto dirigia a Mount Vernon, pensou com seus botões: "Isso é que é amigo!".
Luther escavou o solo e jogou o cimento. Quando tudo estava preparado para o alicerce, ele avisou Fred, que se prontificou a trazer o primeiro carregamento. Todo fim de tarde, Fred chegava à casa de Luther com um carregamento de madeira, e os dois homens trabalhavam na construção até não conseguirem enxergar mais nada devido à escuridão.
Algumas vezes, Maggie também vinha, e as mulheres entravam e ficavam ouvindo o rádio, ou falando sobre bebês. A conversa delas era pontuada pelas batidas do martelo lá fora. Em poucas semanas, já era possível ver o novo cômodo, com todo o acabamento e com o telhado. Luther, impressionado, perguntou: - Onde você conseguiu essas telhas de madeira? Fred, como sempre, disse que um conhecido cedera aquelas telhas. O quarto ficou pronto e a mãe de Jenny foi instalada lá.
Uma noite, Luther disse a mulher: - A Maggie gosta daquelas espreguiçadeiras de madeira, como as de tia Birdie tem no gramado. Por que não compramos duas dessas cadeiras? Vamos fazer uma surpresa? -Boa idéia! - falou Jenny.
Quando Luther chegou a fazenda de Fred e Maggie, não havia ninguém em casa, pois eles tinham ido fazer compras em Springfield. Fred decidiu que colocaria as cadeiras na garagem, pois, se chovesse, estariam mais protegidas. Ele deu a volta na casa com sua caminhonete e pegou o caminho da nova garagem de Fred. A garagem, no entanto, desaparecera! Só restou o alicerce, que indicava onde ela estivera. Luther, com os olhos rasos de água, colocou as cadeiras na varanda e foi para casa.
Esses dois homens, agora com mais de 70 anos, ainda são amigos do peito. Eles, no entanto, nunca comentaram esse acontecimento. Como poderiam? Não havia nada a dizer!
- Joe Edwards - ==
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