"Pior do que uma voz que cala.
É um silêncio que fala"!
Simples.Rápido. E quanta força.
Imediatamente me vieram à cabeça situações em
que o silêncio me disse verdades terríveis,
pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo.
Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.
Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas.
Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada
para acabar com o clima de tensão.
Só ele permanece imutável, o silêncio a ante-sala do fim.
É mil vezes preferível, uma voz que diga coisas que a gente não quer ouvir,
pois ao menos ,as palavras que são ditas indicam uma
tentativa de entendimento.
Cordas vocais em funcionamentos articulam argumentos
expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.
Quantas vezes, numa discussão histérica, ouvimos um dos dois gritar:
"diz alguma coisa, diz que não me ama mais, mas não fica aí parado me olhando".
É o silêncio de um, mandando más notícias para o desespero do outro.
É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua,
o silêncio é um bálsamo.
Para a professora de uma creche, o silêncio é um presente.
Para os seguranças dos shows do "Sepultura", o silêncio é uma mega-sena.
Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura o silêncio a dois
não incomoda, pois é o silêncio da paz.
O único silêncio que perturba é aquele que fala.
E fala alto.
É quando ninguém bate a nossa porta,
não há recados na secretária eletrônica e
mesmo assim você entende a mensagem."
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