Alegrias do Natal Não obstante o tumulto crescente das torpes paixões, que desencadeiam dores superlativas, pairam nos corações expectativas e ansiedades de paz. Embora a tirania tecnicista, que não conseguiu amenizar as rudes aflições, que ora se generalizam, repontam no homem cansado as esperanças alvissareiras, que falam de paz. Após o malogro das ruidosas fantasias e dos turbulentos gozos, vibram na Terra as notas de doce canção de paz, penetrando e enlevando as criaturas ansiosas... São as alegrias do Natal que chegam, refazendo o espírito humano, aturdido e descoroçado pela infatigável busca dos valores que, então, constata mortos. Isto, porque, o Natal não significa tão-somente a algaravia multicolorida, a indústria da inutilidade, expressa na troca de presentes fúteis, mas, também, a lembrança do filho de Deus descendo das Constelações para a Manjedoura a fim de, pacífico e nobre, conviver com animais, reis e pastores, homens e mulheres simples, o poviléu, que conseguiu erguer às culminncias da felicidade sem jaça. Convite à reflexão, o Natal faz recordar o Excelso Amigo, participando das justas alegrias de uma boda e do grave-doce encontro com a pobre mulher surpreendida em adultério. Evoca o Senhor das forças vivas da Natureza, repreendendo os ventos e o mar, e convidando gárrulas crianças ao regaço, por pertencer-lhes, na pureza de que se fazem símbolo, o reino de Deus... Atualiza o diálogo, de alcance transcendente, com o príncipe e doutor da Lei sobre os renascimentos no corpo, e fala do soerguimento da filha da viúva de Naim, do servo do Centurião, e de Lázaro, do torpor da catalepsia e da morte para as excelências da ação lúcida... Faculta uma visão nova da vida à luz do sermão da montanha, exaltando, nestes dias de truculência, a grandeza da humildade, força da fé e a operosidade da "não-violência"... O Natal é oportunidade feliz para cada homem voltar-se para dentro de si, fazer a paz consigo próprio, valorizar a bênção da vida física que se esvai célere, e amar... As alegrias do Natal proporcionam ensanchas para cada um felicitar-se mediante as doações de amor que se permita, renovando as paisagens íntimas, e, dando um passo além do "eu", distender a solidariedade com os que sofrem, os que se amarfanham nas lutas, os que se desesperam, os que se sentem a sós, os pequeninos e velhinhos ao abandono nas ruas e nos campos, dilatando até eles a ternura e facultando-lhes sorrisos, através da ação do bem, que transforma o homem em anjo de amor e fá-lo repetir quase em silêncio, novamente, a sonata inesquecível dos céus dirigida aos ouvidos do mundo atento: -Glória a Deus nas alturas e paz na Terra para os homens de boa vontade! Pelo Espírito: Joanna de Angelis Psicografia de: Divaldo P. Franco Livro: Responsabilidade
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