Mi viejo corazón toca a una puerta, Mi viejo corazón, como un mendigo Con el afán de su esperanza incierta Pero callando lo que yo no digo. Porque la que me hirió sin que lo advierta, La que sólo me ve como un amigo Si alguna madrugada está despierta Nunca será porque soñó conmigo.
Y sin embargo, ante la puerta oscura Mi corazón, como un mendigo loco Va a pedir su limosna de ternura.
Y cerrada otra vez, o al fin abierta, No importa si alguien oye cuando toco, Porque nadie sabrá cuál es la puerta.
Que a força do medo que tenho Não me impeça de ver o que anseio; Que a morte de tudo em que acredito Não me tape os ouvidos e a boca; Porque metade de mim é o que eu grito, Mas a outra metade é silêncio...
Que a música que eu ouço ao longe Seja linda, ainda que tristeza; Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada Mesmo que distante; Porque metade de mim é partida Mas a outra metade é saudade...
Que as palavras que eu falo Não sejam ouvidas como prece E nem repetidas com fervor, Apenas respeitadas como a única coisa que resta A um homem inundado de sentimentos; Porque metade de mim é o que ouço Mas a outra metade é o que calo...
Que essa minha vontade de ir embora Se transforme na calma e na paz que eu mereço; E que essa tensão que me corrói por dentro Seja um dia recompensada; Porque metade de mim é o que penso Mas a outra metade é um vulcão...
Que o medo da solidão se afaste E que o convívio comigo mesmo Se torne ao menos suportável; Que o espelho reflita em meu rosto Um doce sorriso que me lembro ter dado na infncia; Porque metade de mim é a lembrança do que fui, A outra metade eu não sei...
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito E que o teu silêncio me fale cada vez mais; Porque metade de mim é abrigo Mas a outra metade é cansaço...
Que a arte nos aponte uma resposta Mesmo que ela não saiba E que ninguém a tente complicar Porque é preciso simplicidade para faze-la florescer; Porque metade de mim é platéia E a outra metade é canção...
E que a minha loucura seja perdoada Porque metade de mim é amor E a outra metade... também.
Acontece Bateram à minha porta em 6 de agosto, aí não havia ninguém e ninguém entrou, sentou-se numa cadeira e transcorreu comigo, ninguém. Nunca me esquecerei daquela ausência que entrava como Pedro por sua causa e me satisfazia com o não ser, com um vazio aberto a tudo. Ninguém me interrogou sem dizer nada e contestei sem ver e sem falar. Que entrevista espaçosa e especial! ( Pablo Neruda )