Minhas mãos agitadas e vazias  

Vejam! Não traz marcas do passado

De um tempo de guerra e paz

Não se mostram calejadas pelos trabalhos braçais

 

Minhas mãos ágeis e pequenas

Tecem teias de emoção

Constroem armas secretas

Derruba estrelas no chão

 

Vejam todas as palavras

São farpas de pensamento

Velhas lanças transformadas

No sangue do esquecimento

 

Vejam bem as minhas mãos

Habilidade constante

Sovando a massa do pão

Dos sonhos que estão distantes

 

Escava e perfura a terra

Recolhendo a aflição

Enterradas na saudade

Tesouros de ilusão

 

As minhas mãos tateando

Versos em linho de amor

Segurando firme e forte

Rasgando palavras de dor

 

Olhem!

Vejam bem as minhas mãos

 

Ane Franco