Pode, Mas Não Deve
Autora: Silvia Schmidt
Quem já não sentiu vontade de tirar um
dia inteiro só para dormir?
Mas existem compromissos esperando.
A gente pode tirar esse dia, mas não deve.
A gente pode largar o borburinho da cidade,
ir para a praia,
para o campo em dia " útil ",
sem dar satisfações a ninguém.
A gente pode, mas não deve.
A gente pode ficar uma semana longe da escola
e só " curtindo " histórias em quadrinhos.
A gente pode, mas não deve.
Há filhos chamando, temos que atende-los.
Muitas vezes a gente pode deixar de atender.
A gente pode, mas não deve.
Há os pais desejando de nós um " melhor " desempenho.
A gente pode ignorar exigências maternas ou paternas.
A gente pode, mas não deve.
O amor acena, o coração escolhe a quem amar,
mas nós o ignoramos - tantas vezes! -
temendo não ser a pessoa " certa ".
A gente poderia arriscar ...
quem sabe? ... a gente pode.
A gente pode, mas não deve.
A sociedade espera que sigamos
o modelo chamado " normal ".
A gente pode escapar dos padrões sociais,
dos ditames da moda e da " moral " social.
A gente pode, mas não deve.
Há cartas chegando, há telefonemas urgentes,
há e-mails chamando.
A gente corre para responder, para providenciar,
para atender.
A gente pode desligar o telefone,
pode não ligar o computador.
A gente pode, mas não deve.
Desde o despertar - e até a hora de dormir outra vez -
a gente corre, a gente cansa,
a gente não descansa!
O despertador toca de novo e tudo poderia ser mudado,
movido pela vontade,
pela entrega ao fluxo natural da vida ...
... mas e o controle?
A tudo queremos controlar e, por todos e por tudo,
nós nos deixamos ser controlados.
É o medo no comando!
E a vida continua ... sem cara de vida ...
Permanecemos enganados por nós próprios.
A gente quer e sabe que pode mudar quase tudo.
A gente pode, mas não deve.
Até que chega o dia que nos pega distraídos,
e os nossos olhos
interiores finalmente se abrem!
Eles vêem o quanto perdemos de nós e do tempo!
Eles vêem o quanto já nos roubamos!
Geralmente chega esse dia quando
já nos resta apenas um corpo
velho, doente de tristeza, de frustração,
dependente, sem forças para avançar.
E nele está nosso espírito enfermo
desejando se libertar
de tão obscura, antiga e fria prisão.
Queremos voltar no tempo,
fazer tudo que de fato desejávamos
fazer e que não fizemos.
Sentimos que é necessário fazer a grande virada!
Aí a gente assume que deve fazer.
Deve ... mas já não pode!
Silvia Schmidt
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" A poesia da vida,
Faz com que se tenha,
Paixão por Viver."
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