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JÁ FAZ TEMPO
(Cartas de amor)
Cleide Canton
Já faz tempo, amor,
que a tua voz me chega
apenas pelo sabor da saudade.
Já faz tempo
que o aconchego amigo,
inteiramente vazio de ti,
se perde nas sombras
dos desejos ocultos
que ainda gritam dentro de mim,
soluçam o descompasso,
despertam emoções
que tentam, sem sorte,
o esquecimento.
Já faz tempo
que os alvos lençóis
ouvem apenas gemidos dos ventos
ou o meu próprio,
dizendo baixinho o teu nome,
como se pudesses,
de repente,
entrar sorridente
pela porta que jamais se fechou
para ti.
E na ilusão do amanhã,
sonho acordada,
abraçando o mesmo torpor
que de mim se apossava
com teus beijos de amor.
Eterna é a saudade!
Leva-me, por favor!
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