Deslizando
como a folha que se desprende do galho,
bailando no espaço
até alcançar o chão,
ela chega...
Com suavidade,
troca os passos sem fazer um ruído sequer.
Move a cabeça
num gentil aceno
e distribui sorrisos
apenas com esboços,
sem alardes,
cônscia do que é e pode.
Atrai a atenção
pela delicadeza dos seus gestos,
pela doçura do olhar,
pelo jeito meigo e manso de falar.
Olhos atentos
esperam os deslizes
que jamais ocorrerão.
não admite senão.
Ninguém ousa adivinhar sua idade
pois ela simplesmente é e não passa.
Errei quando deixei
de ouvir os teus ensinamentos
mas, onde quer que estejas,
saberás certamente
que não há lugar neste mundo
para tais encantamentos.
Perderam-se os valores
em ranços e bolores.
Essa deusa permanece altiva
no velho quadro desbotado
e neste coração enlutado
que, às vezes, sorri da lembrança
até onde a memória ainda alcança.