Cleide Canton
O caminho é longo...
Muitos os dias sem sol,
muitas as noites sem luas,
tantos são os tombos
e sempre sobram cicatrizes cruas.
Os ombros pendem,
as lágrimas dificultam a visão,
os passos trêmulos
perdem a direção.
Ninguém te estende a mão
nem caminha junto a ti.
Sequer percebem
teu vulto alquebrado,
quase a implorar
um olhar de ternura.
Não conseguem entender
os sons dos teus gemidos.
Nenhuma palavra de amor
chega aos teus ouvidos.
Prestes a tombar,
ainda ousas implorar
por compaixão.
Ninguém...
Ninguém te estende a mão.
O desespero quase sufoca.
Aí, te lembras de Deus,
aquele que negaste a vida toda.
E numa prece de perdão,
no auge da tua aflição,
sentes que Ele te ampara e te sustenta,
te sorri e te levanta.
E, mesmo que ainda não vejas flores,
sentes, perto, todos os olores.
A Palavra se reveste de forma,
as trevas se esvaem
e percebes que no final do caminho
há sempre alguém a tua espera.