O amor maduro é a valorização do melhor do outro e a relação com a parte salva de cada pessoa. Ele vive do que não morreu mesmo tendo ficado para depois. Vive do que fermentou criando dimensões novas para sentimentos antigos, jardins abandonados cheios de sementes. Ele não pede, tem. Não reivindica, consegue. Não persegue, recebe. Não exige, dá. Não pergunta, adivinha. Existe, para fazer feliz. Só teme o que cansa, machuca ou desgasta.
O amor maduro não precisa de armaduras, coices, cargos iluminuras, enfeites, papel de presente, flmulas, hinos, discursos ou medalhas: vive de uma percepção tranqüila da essência do outro. Deixa escapar a carência sem que pareça paupérrima. Demonstra a necessidade sem que pareça voraz. Define uma dependência sem que se manifeste humilhante.
O amor maduro cresce na verdade e se esconde a cada auto-ilusão. Basta-se com o todo do pouco. Não precisa nem quer nada do muito. Está relacionado com a vida e sua incompletude, por isso é pleno em cada ninharia por ela transformada em paraíso. É feito de compreensão, música e mistério. É a forma sublime de ser adulto e a forma adulta de ser sublime e criança.
É o sol de outono: nítido mas doce. Luminoso, sem ofuscar. Suave mas definido. Discreto mas certo. Um sol, que aquece até queimar.
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