Desejava partilhar a minha arte, Assim como suas limitações, Com aqueles que não me põem de parte E dão vida aos meus vôos e canções...
Desejava povoar os teus sentidos Polvilhando-os com carinho e paixão, Semeando em teus olhos derretidos O calor, o sonho e a ilusão.
Desejava carregar esse teu peito Com a firmeza de quem tem esperança E com carícias próprias do meu jeito De emprestar ao vento singela dança.
Desejava cativar o teu olhar Com o brilho de meus olhos enjeitados. E que, juntos, te pudessem ajudar Nos dias que são tão mal suportados.
Desejava emprestar estes meus ombros Como panteão para as tuas dores: E que neles fizesses os escombros Dos negrumes que violam tuas cores.
Desejava levitar a tua alma Com as penas destas asas emotivas Escondendo as ausências de calma Das nuvens que se mostram cansativas.
Desejava inundar o teu sorriso Com as voltas de suave inspiração, Regadas com um «tinto» bem preciso, Doseadas com assombros de emoção.
Desejava cancelar esta ausência E mostrar que poderia ser mais útil, Não ligando ao que, a uns, será premência E que a outros, como eu, será, só, fútil.
Desejava partilhar-te quase tudo Aquilo que é possível partilhar; Rasgar essas fronteiras do absurdo Que impedem os humanos de voar.
Desejava fustigar a tua dor Com os acordes destas notas musicais Aninhados nos soluços de um tambor E na letra desta linda canção .