Assumida a responsabilidade, já estamos avançando em direção à reparação.
Kardec considera três passos fundamentais nestes casos: o arrependimento, a expiação e a reparação. Este modelo rompe com a visão culturalmente transmitida até os dias de hoje segundo a qual devemos temer o mal e buscar a todo custo o bem.
Quantos conflitos neuróticos dominaram nosso campo consciencial e emocional pelo remorso patológico a que nos entregamos por conta de um sistema de valores (pessoal e socialmente compartilhado muitas vezes) construído sobre as bases do medo e da culpa! Até hoje ressumam de nosso inconsciente os resíduos de tais conflitos.
O modelo proposto no pensamento espírita revela-se-nos acolhedor, humanista e moralmente elevado em sua fundamentação.
Analisando o assunto em “O Céu e o Inferno”, Kardec afirma que “o arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação e a reparação. (...) Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências” (1 a parte, cap. VII, item 16).
Apagar os traços de uma falta e suas consequências é tarefa para os seres que já despertaram a consciência para outros valores e adotam, por isto mesmo, uma postura mais realista e produtiva na vida.
Em algumas tradições religiosas basta o indivíduo se arrepender, que ele estará isento das responsabilidades sobre os atos cometidos anteriormente. Entende-se que nestes casos o perdão seja uma dádiva, uma graça, e não uma conquista, algo que resulta do trabalho e do esforço.