"Todo mundo quer ir pro céu, mas ninguém quer morrer".
É isso que penso. A gente quer só a parte boa da vida. Só o que nos convém. Só o que não dói. Só o prazer. Em princípio, essa ideia pode mesmo parecer bem interessante. Mas sabemos que não é assim que o ser humano funciona. Aliás, não é assim que a natureza funciona. O que é vivo precisa, essencialmente, da adversidade, da superação. O crescimento é filho da aprendizagem. E não há lição sem nenhuma dor.
Sim, claro, muito melhor que nossa intenção seja viver com prazer. Mas não pode ser, de modo algum, viver em função de evitar a dor. Não faz sentido apagar o que, em algum momento, parece-nos ruim. São as percepções de cada instante vivido que nos fazem enxergar a beleza de toda a história.
E isso também me faz lembrar da brilhante sensibilidade do poeta Rainer Maria Rilke ao dizer "Se você leva embora meus demônios, estará levando também meus anjos". Pois bem, quem continua desejando eliminar o que lhe parece chato, ruim, dolorido e angustiante neste momento, deve estar preparado para a inevitável perda do que poderia se transformar no maior tesouro de uma vida inteira.
Numa das últimas cenas do filme, as falas dos personagens centrais, vividos por Jim Carrey e Kate Winslet, fica claro que mais do que as lembranças, que podem mesmo por quaisquer razões se esvaírem de nossa memória, o que importa são os sentimentos - inapagáveis, posto que são vivos, mutantes e em constante reciclagem.
Hoje amor, amanhã dúvida, depois mágoa, depois saudade. E num outro dia qualquer, acorda amor, mais uma vez... e mais forte do que nunca! Amor por si, pelo outro, pelo mesmo, pelo novo. E se tiver coragem, desejo que você se lembre de tudo o que conseguir! E que haja lágrimas e sorrisos. Que haja história pra contar. Que haja vida pra brotar e amor pra recomeçar!
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