A NECESSÁRIA CONVIVêNCIA FAMILIAR A paixão daquela avó era se ver rodeada pelos netos atentos, contando-lhes histórias e histórias. E os pequenos adoravam fazer perguntas e mais perguntas. Certa tarde, ela começou a falar sobre sua infncia, tão diferente da vivida por eles. Confessou que sentia saudades de muitas coisas e situações que não se repetiam na atualidade: O fogão, em minha casa, era feito de tijolos e barro, para queimar lenha. Todas as manhãs, fazia tanta fumaça até acender, que dava vontade de chorar. Enquanto a água fervia para fazer o café, o leiteiro anunciava sua chegada, no portão de casa, com os galões de leite fresquinho, recém tirado das vacas. O pão era feito por minha mãe e assado no forno de lenha. Ficava delicioso com manteiga purinha. Nunca mais comi pão igual. Sentávamos todos ao redor da mesa grande. Mamãe ia nos servindo e meu pai fazia uma oração. Depois que nos alimentávamos, cada qual seguia seu rumo. Papai saía para o trabalho, os maiores iam para a escola. Mamãe ficava em casa, cuidando dos pequenos, limpando, cozinhando. O encontro seguinte era no horário do almoço em família. E, depois da tarefa escolar realizada, podíamos brincar no quintal. Um balde de água era posto no fogão para aquecer o banho de caneca, que tomávamos ao anoitecer. Depois do jantar, à luz do lampião, ficávamos sentados ao redor de meu pai, ouvindo as histórias fantásticas, com que nos alimentava a imaginação. à medida que o sono ia nos alcançando, éramos recebidos pelos colchões de palha de milho, desfiada. E dormíamos, entre brancos lençóis. Parece conto de fadas, diziam sorrindo, as crianças...
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