Estranhos no caminho
A gente passa anos trabalhando no mesmo lugar, vivendo no mesmo condomínio e, às vezes, parece que estamos completamente sozinhos...
Os nossos pais e avós nos contam de um tempo diferente - eu mesma já vivi isso - onde as pessoas se conheciam pelos nomes.
Se cumprimentavam na rua e até se reuniam pra um papo nas calçadas, nos verões de antigamente.
Eu não quero ser saudosista.
A vida mudou mesmo.
Os prédios são verdadeiras cidades.
As empresas, gigantes, abrigam milhares de pessoas que passam anos se esbarrando nos corredores, sem se conhecer.
Mas eu confesso que eu sinto falta daquela coisa antiga do aceno simples da cabeça, do sorriso breve num bom dia.
Hoje é muito comum a gente passar por centenas de pessoas no trabalho ou na nossa própria rua e não ver um sorriso sequer.
Tudo bem, que eu sou uma pessoa pública, estou na tevê todos os dias, é normal que falem comigo.
Os fãs são sempre simpáticos.
Mas eu observo, independente da minha condição de apresentadora, que as pessoas estão ficando invisíveis.
Pessoas se cruzam no saguão do prédio, viajam no mesmo elevador, sentam-se lado a lado num avião - olha só, são lugares minúsculos! - não dá pra não ser notado!
"Olá, como vai", "boa tarde", "prazer em conhecer" são frases cada vez mais raras hoje em dia.
As pessoas têm medo de fazer contato, medo de se envolver, de parecer íntimos.
A vida privada anda privada demais, vocês não acham?
Presta atenção e vê se isso não anda acontecendo mesmo...
Então experimenta sorrir pro seu vizinho, ou pra aquele colega de trabalho que você nem sabe o nome...
Faz o teste.
Um sorriso inesperado surpreende sempre.
A quem recebe...
E a quem sorri também.
E aqui está o meu sorriso pra você...
Beijinhos e meu carinho de sempre
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