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O sol às casas, como a montes, Vagamente doura. Na cidade sem horizontes Uma tristeza loura.
Com a sombra da tarde desce E um pouco dói Porque quanto é tarde Tudo quanto foi.
Nesta hora mais que em outra choro O que perdi. Em cinza e ouro o rememoro E nunca o vi.
Felicidade por nascer, Mágoa a acabar, Ânsia de só aquilo ser Que há-de ficar - Sussurro sem que se ouça, palma Da isenção. Ó tarde, fica noite, e alma Tenha perdão.
Fernando Pessoa
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