Mal canta o galo,
Ainda o sol não é nado,
desalma o sonho em resvalo
E vou imaginado o poema idealizado.
Estrofes , quadras e ademais,
Essas tais palavras bravias,
Com os seus dizeres leais,
Parecem dar-me os bons dias.

Empilho ao alto,
sonho firme no afim;
sempre altivo sobressalto
Se uma quimera investe para mim.
Já disse um homem
Que foi sonhador afamado:
"Mais palavras consome 
um sonho tresmalhado".
Quando anoitece
E a lua dorme pelo chão,
Rezo uma prece
Por alma em comoção.
Para que as palavras
Cresçam livres de tormenta
E o mal não mate as peares
Nem os luares de tempra.
Mas quando as ideias
Destroçam versos ao abrigo
da miséria nas palavras ateias,
Eu vou pensando comigo:
Já disse um homem
Que foi sonhador afamado:
"Mais palavras consome
Um sonho tresmalhado