A Fé Religiosa
Livro: Doutrina de Luz
Emmanuel & Francisco Cndido Xavier
Desde os mais íntimos alicerces dos povos civilizados, vemos a paixão religiosa desbordar-se em tempestades sanguinolentas.
Em Tebas, no Egito ancião, habitualmente, encalhava-se o Nilo de cadáveres insepultos
em razão dos imensos conflitos na via pública, em nome de mon,
considerado então como sendo a mais completa imagem de Deus Misericordioso, Sábio e Justo.
Em Nínive, na Assíria, todas as grandes comemorações, diante de Baal,
interpretado por representante do Criador Todo Poderoso, eram regadas a sangue humano.
Todas as grandes cidades do pretérito distante não fugiam à regra,
estabelecendo dolorosos processos de crueldade e perseguição em nome do Pai Celeste, entre irmãos que se deveriam amar.
E o próprio Cristianismo a pretexto de modificar os velhos cultos da antiguidade, padeceu, por trezentos anos consecutivos, o martírio e a flagelação na pessoa de seus adeptos, que pagavam com a própria existência a grandeza de seus princípios.
E o impulso de chacina e de intolerncia não ficou entre aqueles que a História categoriza à conta de cultores da indiferença e do paganismo, porque são de ontem, na evolução dos tempos modernos, as fogueiras e pelourinhos, as forças e os cárceres com que se puniam entre os companheiros da mesma seara a diversidade do pensamento e o anseio de nova interpretação.
No Espiritismo, porém, que revive a lição do Cristo, que auxiliou sem remuneração,
que perdoou infinitamente e que aceitou a morte no extremo sacrifício para que a justiça no mundo se banhasse de caridade,
a fé nasce pura e sublime, sem qualquer nuvem de arrogncia ou de prepotência,
de vez que ao espírita cabe o dever de acompanhar o Divino Mestre da Manjedoura e da Cruz,
retribuindo a incompreensão com o entendimento e o ódio com o amor, por reconhecer, com Jesus,
que somente a verdadeira fraternidade com incessante serviço no Bem Eterno
será capaz de extinguir na Terra o velho cativeiro às trevas da ignorncia, a fim de que a Humanidade penetre,
vitoriosa, o domínio Soberano da Felicidade e da Luz.