Deixa-me só
pelo tempo que for necessário.
Preciso de uma pausa
para que isto tudo
não termine sem definida causa.
Deixa-me sondar teus desejos,
os teus gostos, os teus sonhos,
as tuas virtudes e defeitos.
Deixa que eu sinta o peso
da bagagem que armazenaste
nestas tantas viagens
pelos rumos que o destino te ofertou.
Deixa-me conhecer os teus desvios,
o tamanho dos teus brios,
as tuas fugas, as derrapagens,
as rotas forçadas,
tuas ruas e tuas calçadas,
as flores do teu canteiro,
as frutas do teu pomar.
Deixa-me conhecer
a tua capacidade de amar.
Não estranhes este meu pedido
nem te percas em conjecturas.
Não te analiso para julgamento.
Apenas para saber
que tipo de ninho espera
este amor que tenho para te ofertar
e qual a profundeza das águas
em que juntos iremos navegar.
Se chegarmos a lugar algum
nada terei a reclamar.
Mas se acharmos
as pérolas do encantamento
teremos o que, de fato, brindar.
Agora,
deixa-me só!