O embaixador zimbabueano em Maputo, Agrippah Mutambara, assegurou que o Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, participará na Cimeira UE/África em Lisboa caso seja convidado, afirmando que o principal impasse se deve ao «problema com os britânicos».
«O problema é com os britânicos e a nossa posição é que ele (Robert Mugabe) irá, se for convidado» para a Cimeira UE/África, prevista para 08 e 09 de Dezembro, garantiu o diplomata zimbabueano, numa entrevista ao jornal moçambicano Notícias, em que acusa a Grã-Bretanha sobre a actual crise naquele país africano.
A II cimeira UE/África esteve prevista para 2003 em Lisboa, mas foi adiada sine die devido à oposição de alguns países europeus, nomeadamente o Reino Unido, à presença no encontro de Robert Mugabe, cujo regime é acusado de violação dos direitos humanos e está sob sanções da UE e dos Estados Unidos.
Quanto à situação interna no Zimbabué, Mutambara admitiu que «está difícil», mas rejeitou a ligação da actual crise à reforma agrária e possíveis erros de governação, atribuindo-a às sanções decretadas pela Grã-Bretanha, antiga potência colonial, e seus aliados.
«As sanções levaram à redução significativa da nossa reserva monetária, com implicações negativas sobre a vida do cidadão comum», disse.
Para o representante da miss찾o diplomática zimbabueana em Maputo, a decis찾o tomada pelo governo brit창nico faz parte de um conjunto de ac챌천es que visam mudar o regime no Zimbabué.
O diplomata referiu que a falta de capital prejudicou «todos os sectores da economia do país», nomeadamente o ramo agrícola, principal fonte de receitas, que emprega 9,5 milh천es de pessoas, num universo populacional estimado em 12 milh천es.
Na sequência da decisão do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, o Zimbabué viu diminuída a capacidade financeira para a aquisição de equipamentos agrícolas, facto agravado por outras situações como a grave seca que assola também a região austral de África.
A situa챌찾o deteriorou-se ainda com o rumo tomado por alguns agricultores, que apostaram em culturas como algod찾o, tabaco e gergelim, em detrimento do milho, principal produto de alimenta챌찾o no país, considerou.
No entanto, Mutambara negou as acusa챌천es segundo as quais a inactividade do sistema agrícola teria a ver com a atribui챌찾o de terras a novos fazendeiros sem capacidade de gest찾o na área.
O governo de robert Mugabe iniciou em 2000 uma controversa política de reforma agrária, que levou à retirada de terras aos fazendeiros brancos, a maioria descendentes de colonos, para as atribuir a veteranos da guerra da independência.
Na sua opini찾o, o Zimbabué foi vítima de «sabotagem económica» pela Gr찾-Bretanha e seus aliados, que, disse, deixaram de fazer comércio com o Zimbabué, o que culminou na perda de divisas para a sobreviv챗ncia dos zimbabueanos.
«Por exemplo, nós éramos grandes produtores de flores para o mercado brit창nico, mas eles (os brit창nicos) decidiram n찾o comprar mais flores ao Zimbabué, o que criou sérios problemas ao sector», disse.
Questionado sobre os resultados preliminares da acção da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) no sentido de ajudar o Zimbabué a sair da crise económica, o diplomata destacou as consultas feitas entre os ministros das Finanças da região, por recomendação dos governos da organização regional, mas considerou que enquanto os países ocidentais não levantarem as sanções será difícil ao seu país ter «sucessos».
«Podemos contar com a assist챗ncia, mas se as san챌천es continuarem, dificilmente teremos sucessos», sublinhou Mutambara, que lamentou a recusa do Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) em conceder crédito ao Zimbabué.
Diário Digital / Lusa
19-09-2007 16:30:00